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janeiro/fevereirode2014|

RevistadaESPM

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Por essa razão, talvez, é que prestar serviços públicos

não seja a primeira preocupação dos governantes, mas

sim a de manter o poder a qualquer custo, sendo certo

que, se houver tempo e se o dinheiro não for totalmente

desperdiçado, algo se fará, de preferência obras de “visi-

bilidade eleitoral”,mais do que de conteúdo cívico. Dessa

forma, uma “obra faraônica”, que dê visibilidade, é mais

importantedoquemultiplicar pequenasescolasparaedu-

caçãodo povo, visto que seu “retornopolítico” é pequeno.

Opovo,emoutraspalavras,éapenasumelementodaatu-

açãodospolíticos, para sermanipuladoemcausaprópria,

valendo os programas sociais apenas para promovê-los.

Estou absolutamente convencido de que o povo só

participará de uma democracia real nomomento emque

puder controlar os governos e os governantes se reco-

nhecerem como seus servidores. Em verdade, todos os

governantes são apenas e exclusivamente “servidores”

do cidadão. Não são seus senhores feudais. Devem-lhe

respeito. Devem-lhe prestar contas por sua represen-

tação. E devem honrar o mandato recebido de acordo

com o programa apresentado na campanha eleitoral.

Na democracia que idealizo para meu país, o cidadão

deveria ser o senhor absolutode todos os direitos sobreos

governanteseestesapenasseusservidores.Quemquisesse,

como nas ordens hospitalares da Idade Média, servir ao

povo deveria abdicar de seus privilégios e ter comometa

o bemda sociedade, e não o próprio bem. Caso contrário,

seriamelhor continuar foradapolíticaedogoverno, poiso

serviçopúblicoexige “sacerdotes”, enão “aproveitadores”.

Na verdadeirademocracia, quemmerece o tratamento

de “Sua Excelência” é o cidadão. Não o agente público,

quer sejaocupantede cargoadministrativooueletivo, eis

que sua presença nos quadros de qualquer dos poderes

só se justifica enquanto sirva ao povo, e nunca quando

passe a usufruir do poder como coisa própria, perse-

guindo inimigos e privilegiando amigos.

Naverdadeirademocracia, osdireitos individuaisdeve-

riamsergarantidosporgovernospreocupadosnapromoção

da sociedade. Apenas no dia em que os cidadãos tiverem

consciênciadeque sãomais importantesdoquequalquer

burocrataoupolítico,équepoderãoimplantaroverdadeiro

regimedemocrático. Até lá, serãoapenas “administrados”.

Ives Gandra da Silva Martins

Advogado, professor emérito da Universidade Mackenzie, da Escola de

Comando e Estado-Maior do Exército e da Escola Superior de Guerra.

É presidente do Conselho Superior de Direito da Federação do Comércio

de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio)

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