janeiro/fevereirode2014|
RevistadaESPM
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T
umultoético:
umpaísem
buscaderumo
A sociedade brasileira atravessa amais
grave crise ética de sua história, fruto da
formação cultural da nação. Será inevitável
transformar a questão ética emproblema
nacional, a ser tratado de forma estruturada
e commétodos inovadores
Por Renato Caporali
É
preciso admitir: a sociedade brasileira patina
emprofunda e complexa desordemética. Não
significa que tenhamos sidomelhores nopas-
sado,muitopelocontrário. Tambémnãoécor-
retoafirmarquenãoestejamocorrendoavanços,sobretudo
no que se refere à dimensão republicana da ética social.
Mas, sim, quepredominaapercepçãodifusadequeopaís
não está conseguindo avançar na prática de uma socie-
dade mais respeitosa dos valores que compartilha. Em
muitos domínios a coisaparece ter estancado. Emoutros,
comonoquesito violência, oproblema se agravadia adia.
Asrelaçõespolíticassetornaramcaóticas,asinstituições
que legislamopaísestãosendovilipendiadaspor seuspró-
priosatos.Umdeputado,nopassado,eraalguémrespeitado.
Hoje é de antemão suspeito. O próprio Congresso tornou
sabedoriaproclamadaa lei danaturezadequenão importa
a qualidade da última legislatura, a seguinte será pior.
Mas seria grave equívoco focar a questão da ética só
para o campopolítico. Predomina, atualmente, emquase
todos os domínios, uma situação de tumulto ético. As
manifestações recentes, para exprimir críticas e expor
demandas, terminavam destruindo o que estava em
volta, inclusive o que cobravam do governo, como ôni-
bus e pontos de ônibus. Isso não é exclusivo do Brasil, é
provavelmente global, mas não há como negar que aqui
acontece com força especial.
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