Revista da ESPM
|maio/junhode 2014
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Fome de quê?
Poderemos mesmo comer tudo de bome domelhor, em
quantidades suficientes para nossas necessidades? No
futuro, não deverá ser bem assim. Muitos irão tentar
controlar nossas decisões de consumo de alimentos.
Os governos, os cientistas, os profissionais da área de
saúde, os repórteres, os familiareseosamigos, nãoecono-
mizarãoesforços paradizer oquedevemos ounãocomer.
O futuro deverá trazer a presença ativa dos “evangélicos”
da alimentação, não no sentido religioso, mas no que diz
respeito aos grupos que, motivados por suas crenças, se
dedicarão insistentemente àmudança de nossos hábitos
alimentares, sejapelapersuasãooumesmopor tentativas
de impor as mudanças mediante aumento de impostos
sobre determinados produtos e até de sua proibição por
mudanças na legislação. Porém, independentemente da
eventual atormentação, essa cruzada tende a ser feita em
nome de uma boa causa, ou seja, o aumento do consumo
de produtos consideradosmais saudáveis e sustentáveis.
Esperamos que isso ocorra sem a condenação do prazer
de comer emuitomenos prejuízo do nosso livre-arbítrio
na escolha do que comer ou não.
A verdade é que, alémda qualidade, os fatores saúde e
sustentabilidade deverãomoldar os alimentos do futuro,
aparentemente de forma irreversível. Em 2007, o Insti-
tute for the Future identificou ummovimento caracteri-
zado pela convergência entre saúde e sustentabilidade
que se desenrola nos campos científico, cultural e social.
Progressivamente, cada vez mais indivíduos tenderão a
associar aalimentaçãocomsuasaúdepessoal ecomasus-
tentabilidade. Essa tendência tem se confirmado com o
crescimentodo segmentode consumidores denominado
LOHAS (
Lifestyles of health
&
sustainability
).
Os LOHAS valorizamalimentos compotencial benefí-
cio à saúde e capazes de assegurar uma dieta equilibrada
e mais nutritiva. Sem abrir mão de qualidade e conveni-
ência, priorizama compra de alimentos industrializados
de empresas compráticas sustentáveis. Apesar de serem
mais representativos nos mercados dos países desenvol-
vidos, também deverão emergir como importante seg-
mento de consumidores emnosso país. Uma pesquisa do
InstitutoAkatuconstatouque trêsemcadadezbrasileiros
demonstram uma consistente adesão ao consumo cons-
ciente, fundada mais em convicções do que em conveni-
ências. A pesquisa identificou também que os alimentos
saudáveis,frescosenutritivossãointensamentedesejados
pelos consumidores.
Commais dinheirono bolso, o brasileiro tende a ser
mais
gourmet
, o que gera a democratização do luxo e a
alimentação
premium
. NoBrasil, os emergentes deverão
incluir no cardápio diário produtos como a picanha
Tendências