Revista da ESPM
|maio/junhode 2014
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urbanos, costumambuscar informação sobreprodutos ali-
mentícios emdiversas fontes, principalmente por meio da
televisão,médicosenutricionistas,internet,amigoseconhe-
cidos,jornais,familiareserevistas.Oresultadoésimilarao
quetambémocorreemoutrospaíses,umagrandeconfusão.
Várias fontes de informação costumam estabelecer
associaçõesdiretas entreoconsumodealimentos especí-
ficos e amelhoriadoestadode saúdeouo riscode contrair
doenças. Muitas vezes, os dados variam entre as fontes
e até são contraditórios. Os consumidores têm acesso a
matérias sobre “comidasquecuram”, alimentospara redu-
zir colesterol, que reduzema pressão arterial, fazembem
paraocérebroetc. Grandepartedessas informações pode
ser contestada a partir da revisão das evidências cientí-
ficas existentes que, frequentemente, não permitemum
juízo convincente para o estabelecimento de relações de
causa e efeitoentreoconsumodedeterminados produtos
coma contraçãodedoenças oubenefícios diretos à saúde.
Esse problema poderá ser equacionado coma evolução
da pesquisa científica sobre o assunto e com uma maior
participaçãodos cientistasnacomunicaçãocomapopula-
ção.Mas seránecessárioumenormeesforçopara reverter
a tendênciamaniqueísta de classificar os alimentos, com
pouca base científica, como “heróis” ou “vilões” da dieta.
Oproblema já atinge tal magnitude que o guia alimentar
oficial, sobconsultapúblicanositedoMinistériodaSaúde,
possui várias páginas tentando dividir os alimentos pro-
cessados entre os que seriam“do bem” e outros “domal”.
Para nós, isso é umretrocesso, considerando que não são
levadasemconsideraçãodiversas funçõesessenciaisquea
tecnologiade alimentos exercepara assegurar a sustenta-
çãoeoabastecimentoeficientedaspopulações residentes
emaglomerações urbanas, amaioria emnossa sociedade.
A tecnologia de alimentos não embarca nos produtos
processadosapenasparareduzircustoseaumentar lucros,
ou ainda para tentar ludibriar os consumidores como
alguns insistememafirmar. Basta ir a umsupermercado
e percorrer as prateleiras para imaginar como seria a vida
nas cidades semos alimentos processados e embalados.
Depois seria bomtambémabrir a porta da geladeira e dos
armários em casa para fazer essa análise. Garantia de
segurança dos alimentos, vida útil dos produtos, conser-
vação das propriedades sensoriais e nutricionais, mini-
mização de perdas, possibilidade de os alimentos serem
transportados para regiões distantes etc. Para umpaís no
qual quase 85% da população estão em cidades, a tecno-
logia de alimentos viabiliza uma cadeia de suprimentos
eficiente queminimiza resíduos e perdas decorrentes de
manipulação e armazenagemdos produtos.
Asaplicaçõesdatecnologiadealimentoscontinuamase
desenvolver,acompanhandoaevoluçãodasociedade.Com
anecessidadedeaumentaraprodutividadenousoderecur-
sos,novastecnologiastêmsidodesenvolvidasparareduziro
consumodeágua,energia,emissõesdecarbonoeresíduos.
Abordagens sistêmicas nessa direção, como a Análise de
Alémdaqualidade doproduto,
os fatores saúde e sustentabilidade
deverãomoldar os alimentos do
futurode forma irreversível
Tendências