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Revista da ESPM

|maio/junhode 2014

82

urbanos, costumambuscar informação sobreprodutos ali-

mentícios emdiversas fontes, principalmente por meio da

televisão,médicosenutricionistas,internet,amigoseconhe-

cidos,jornais,familiareserevistas.Oresultadoésimilarao

quetambémocorreemoutrospaíses,umagrandeconfusão.

Várias fontes de informação costumam estabelecer

associaçõesdiretas entreoconsumodealimentos especí-

ficos e amelhoriadoestadode saúdeouo riscode contrair

doenças. Muitas vezes, os dados variam entre as fontes

e até são contraditórios. Os consumidores têm acesso a

matérias sobre “comidasquecuram”, alimentospara redu-

zir colesterol, que reduzema pressão arterial, fazembem

paraocérebroetc. Grandepartedessas informações pode

ser contestada a partir da revisão das evidências cientí-

ficas existentes que, frequentemente, não permitemum

juízo convincente para o estabelecimento de relações de

causa e efeitoentreoconsumodedeterminados produtos

coma contraçãodedoenças oubenefícios diretos à saúde.

Esse problema poderá ser equacionado coma evolução

da pesquisa científica sobre o assunto e com uma maior

participaçãodos cientistasnacomunicaçãocomapopula-

ção.Mas seránecessárioumenormeesforçopara reverter

a tendênciamaniqueísta de classificar os alimentos, com

pouca base científica, como “heróis” ou “vilões” da dieta.

Oproblema já atinge tal magnitude que o guia alimentar

oficial, sobconsultapúblicanositedoMinistériodaSaúde,

possui várias páginas tentando dividir os alimentos pro-

cessados entre os que seriam“do bem” e outros “domal”.

Para nós, isso é umretrocesso, considerando que não são

levadasemconsideraçãodiversas funçõesessenciaisquea

tecnologiade alimentos exercepara assegurar a sustenta-

çãoeoabastecimentoeficientedaspopulações residentes

emaglomerações urbanas, amaioria emnossa sociedade.

A tecnologia de alimentos não embarca nos produtos

processadosapenasparareduzircustoseaumentar lucros,

ou ainda para tentar ludibriar os consumidores como

alguns insistememafirmar. Basta ir a umsupermercado

e percorrer as prateleiras para imaginar como seria a vida

nas cidades semos alimentos processados e embalados.

Depois seria bomtambémabrir a porta da geladeira e dos

armários em casa para fazer essa análise. Garantia de

segurança dos alimentos, vida útil dos produtos, conser-

vação das propriedades sensoriais e nutricionais, mini-

mização de perdas, possibilidade de os alimentos serem

transportados para regiões distantes etc. Para umpaís no

qual quase 85% da população estão em cidades, a tecno-

logia de alimentos viabiliza uma cadeia de suprimentos

eficiente queminimiza resíduos e perdas decorrentes de

manipulação e armazenagemdos produtos.

Asaplicaçõesdatecnologiadealimentoscontinuamase

desenvolver,acompanhandoaevoluçãodasociedade.Com

anecessidadedeaumentaraprodutividadenousoderecur-

sos,novastecnologiastêmsidodesenvolvidasparareduziro

consumodeágua,energia,emissõesdecarbonoeresíduos.

Abordagens sistêmicas nessa direção, como a Análise de

Alémdaqualidade doproduto,

os fatores saúde e sustentabilidade

deverãomoldar os alimentos do

futurode forma irreversível

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