Background Image
Table of Contents Table of Contents
Previous Page  18 / 107 Next Page
Information
Show Menu
Previous Page 18 / 107 Next Page
Page Background

O escopo da participação refere-se ao conjunto

de questões sobre as quais os trabalhadores exercem

graus variados de influências, como as que afetam

suas tarefas e seu grupo (sócio-técnicas), ou aquelas

ligadas às políticas empresariais, que interferem na

sua relação de emprego, carreira, remuneração etc.

Os níveis organizacionais da participação são

as instâncias nas quais o empregado participa

diretamente ou através de representantes eleitos

(equipes de trabalho, comissões, diretoria, conselho

de administração, por exemplo).

Estes diferentes ângulos da partici- pação são

importantes para a compreensão clara do escopo e

da abrangência da gestão participativa nas

empresas.

Participação nas decisões e

participação dos empregados nos

resultados empresariais

A questão da participação dos empregados

nos resultados das empresas tem sido revigorada

atualmente, no Brasil e no exterior, no contexto

da nova competição global. "Pesquisas realizadas

em países desenvolvidos indicam que tanto

programas de participação nas decisões, quanto

progr amas de pa r t i c i pa ç ão nos r esu l t ados

econômicos, têm um efeito positivo sobre a

produtividade" (Zylberstajn, H., 1988, citando

Conte, 1986; Marshall, 1981; e Rosenberg e

Rosenstein, 1980). Enquanto a participação nas

decisões pa r ece induzir a mo t i vação e o

envolvimento com os objetivos da organização, a

participação nos resultados constitui uma forma

de implantar elementos de convergência na relação

empregado-empresa, porque, se bem sucedidos,

podem as segur a r, ao me smo tempo, a

sobrevivência da empresa e a garantia do emprego.

Dentro desta linha de raciocínio, alguns

pesquisadores sugerem que a participação nas

decisões e a participação'dos trabalhadores nos

resultados da empre- sa têm um sentido de

comp l emen t ar i edade,

na med i da que a

recompensa financeira funciona como incentivo

para manter permanentemente o interesse dos

empregados envolvidos. "A participação dos

funcionários nas decisões, acompanhada pela

partilha de resultados da organização, é uma

grande oportunidade para que empresários e

empregados consigam, inclusive, aproximar mais

seus interesses" (Brisolla, C.B. - 1994).

Na pesquisa realizada sobre este assunto,

junto a associados da ABINEE e ANPAR, já

referida (Albuquerque, 1991), evidenciou-se este

sentido de complementação entre a participação nas

decisões e a participação nos resultados, sugerindo

que ambos devem estar integrados em um sistema

de gestão participativa.

Atualmente, no Brasil, a questão da

participação dos empregados nos lucros ou nos

resultados das empresas está recebendo um grande

destaque entre os pesquisadores e na sociedade, visto

que, embora constando na Constituição Brasileira

desde 1946, foi finalmente regulamentada através de

Medida Provisória, ao final do Governo Itamar

Franco (MP 794/94), e reeditada várias vezes no atual

Governo (MPs 860, 955/95 etc). Estas medidas

inspiraram-se em vários projetos que tramitavam na

Câmara Federal a respeito do assunto, especialmente

um projeto do então Senador Fernando Henrique

Cardoso, e o substitutivo, com pequenas variações,

do deputado federal Carlos Alberto Campista,

mantendo suas linhas básicas.

Caso ela seja aprovada pelo Congresso

Nacional, tornará obrigatório às empresas a

concessão, a seus empregados, de uma

recompensação adicional, a título de participação

nos lucros ou resultados, com o intuito de criar um

mecanismo de estímulo na busca de produtividade.

Embora esta regulamentação esteja ocorrendo

nestes últimos meses, muitas empresas brasileiras

(2)

vêm implantando há anos sistemas bem sucedidos

de participação dos empregados nos lucros ou nos

resultados, por conta e risco próprios. Sua

motivação, portanto, não era a de simplesmente

cumprir a legislação mas sim o engajamento da força

de trabalho na busca de resultados empresariais.

Esta questão merece ser examinada no estudo de

experiências de sucesso em gestão participativa em

outras empresas brasileiras.

A Administração Participativa

como base para inovação na gestão de

empresas brasileiras: síntese de

algumas experiências

Nesta parte do trabalho pretendemos

examinar três casos de empresas que vêm