exclusivamente à administração participativa. Sem
dúvida, existem outros fatores contribuindo para
isso. Entretanto, os principais ingredientes deste
sucesso estão, de alguma maneira, relacionados aos
postulados da participação e da gestão participativa
nas empresas.
Embora sejam empresas diferentes entre si,
em termos de porte, setor de atividade, tecnologia
utilizada etc., é interessante analisar alguns
denominadores comuns
que podem estar
associados a seu sucesso. Um primeiro ponto que
chama a atenção é a definição, por todas elas, de
uma
"carta de princípios"
ou de missão,
objetivos e premissas definidas participativamente
através de um processo de planejamento, para
orientar o processo de mudança e sinalizar os
rumos da empresa. Aqui ressalta-se a importância
de estar trabalhando estes
valores
com o grupo
de colaboradores, visando não apenas uma leitura
comum sobre o direcionamento pretendido mas,
principalmente, de s envo l ver uma "cultura'
participativa e voltada para resultados" na
empresa.
Destaque-se, também, a alteração do foco ou
dos objetivos da gestão, procurando uma visão mais
ampla do relacionamento da empresa com seus
grupos de interesse (e não apenas os acionistas),
baseado em relações de
parceria,
inclusive com
os empregados-colaboradores.
Um segundo denominador refere-se ao
trabalho em grupo e à comunicação. As três
emp r e s as d e s e n v o l v e r am me c a n i smos de
comunicação baseados em reuniões e trabalho
em grupo, de forma que todos que participassem
no processo de mudança nele se envolvessem e
tivessem clareza quanto a objetivos e processos.
Estes mecanismos incluíram o próprio processo
de planejamento estratégico participativo, ciclos
de reunião (V, X, Z), comitê de representantes
(V), pesquisa de clima e
ombudsman
(Z). Aqui,
c h ama a a t e n ç ão a p e c u l i a r i d a de dos
mecanismos de comunicação da empresa Z, uma
empresa que a partir de seu nascimento já
procurou desenvolver um paradigma e uma
cultura de gestão participativa. Por outro lado,
se os mecanismos de comunicação utilizados
apresentaram variações, e é natural que assim seja,
é inegável que todas elas focalizaram fortemente
seus processos de desenvolvimento e mudança na
comunicação com todos os colaboradores e no
seu engajamento.
Um terceiro denominador comum está
l i g a do ao s i s t ema de c omp e n s a ç ão e à
participação dos empregados nos resultados
empresariais. As três empresas aqui estudadas
desenvolveram mecanismos de participação dos
emp r e g a d os nos r e s u l t a dos emp r e s a r i a i s.
Novamen t e, os mecan i smos utilizados não
foram os mesmos; porém as três empresas
consideraram f undamen t al que as pessoas,
c o n t r i b u i n do p a ra a c o n s e c u ç ão de
determinados resultados, devam compartilhá-
los. As
mo d a l i d a d es de pa r t i c i pa- ção
decorrem dos objetivos de cada empresa, de
suas estratégias, de sua história e de sua cultura,
mas o i mp o r t a n te é que se c o n s i d e re a
p a r t i c i p a ç ão nos r e s u l t a d os c omo um
c omp l eme n to n a t u r al do p r o c e s so de
participação nas decisões empresariais.
O quarto ponto comum é o fato de as três
empresas estarem obtendo resultados positivos
com a gestão participativa, valorizando seus
empregados e obtendo compromisso. Mas o que
deve ser destacado neste ponto é que isto tem
levado à obtenção de excelentes
resultados
negoc i a i s,
em t e rmos de c r e s c ime n to do
f a t u r ame n t o, a ume n to de p r o d u t i v i d a d e,
redução de
turnover
de
lead time
e de custos,
além do a ume n to na l uc r a t i v i dade. Estes
resultados, evidentemente, contribuem para a
melhoria da posição competitiva das empresas.
As considerações aqui apresentadas não
podem ser generalizadas para o conjunto das
emp r e s a s, por r a z õ es me t o d o l ó g i c a s. A
continuidade da pesquisa implicará em ampliar
significativamente o número de experiências
analisadas. Entretanto, nossas considerações
finais neste artigo são no sentido de enfatizar a
importância da participação dos empregados e
da gestão participativa integrando um novo
paradigma de gestão para tornar as empresas
mais humanas e competitivas.
Este novo paradigma está assentado na
visão de parcerias com os
stakeholders
principais
da emp r e s a, i nc l u i ndo o c l i en te ( empr esa
customer driven),
os fornecedores, os acionistas
(shareholders
) e os empregados (participação,
empowerment,
learning
organizations).