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conseguindo resultados positivos com a adoção de

um sistema de gestão participativa. Estes casos

foram estudados no âmbito de um convênio que a

Fundação Instituto de Administração, instituição

vinculada à FEA-USP, mantém com a ANPAR,

com vistas à realização de pesquisas e à divulgação

de experiências de gestão participativa nas

empresas brasileiras.

Empresa V - O caso da empresa familiar

A empresa V é uma empresa industrial do ramo

eletro-eletrônico, fabricante de autopeças no interior

do Estado de São Paulo. É uma empresa familiar,

cujo dono e fundador, embora de relacionamento fácil

com os empregados, tinha personalidade marcante,

era centralizador é paternalista.

Com o seu falecimento, em 1989, assumiu a

direção da empresa sua filha, que já trabalhava lá .

Ela tinha um contato amplo e fácil com a maioria

dos empregados da empresa e acreditava na idéia

de que o grupo tenderia a tomar decisões mais

adequadas do que uma pessoa, isoladamente. Este

foi o início de um processo de gestão participativa,

originado na sucessão em uma empresa familiar.

Entretanto, o desafio era grande. Embora a

idéia de participação fosse vista favoravelmente por

todos, as pessoas não estavam preparadas. Por

outro lado, o ambiente econômico era desfavorável

e turbulento, com estagnação na economia,

crescente competição e dificuldades financeiras. O

desafio era preparar o grupo e segurá-lo na viagem

que se iniciava.

O primeiro e s f o r ço de mudança foi

direcionado à discussão da identidade da empresa,

visando desenvolver uma nova filosofia de gestão.

A forma utilizada foi um processo de

planejamento estratégico participativo, discutindo

a filosofia de gestão, a missão e os objetivos da

empresa para, posteriormente, permitir a definição

de planos de ação.

Neste processo, foi dada uma ênfase especial

à comunicação inter-áreas, de modo a integrá-las

melhor, para que as pessoas de uma área tivessem

a visão dos problemas das outras. Por exemplo,

nas reuniões de planejamento na área comercial,

participavam pessoas da produção, da área

financeira etc., visando criar um fluxo de

informações e de entendimento entre elas.

Um conjunto de princípios permitiu a

conscientização, de todos os empregados, da nova

filosofia e objetivos da empresa, incluindo:

- a empresa deve ser primordialmente humana

e lucrativa;

- respeito e valorização da pessoa humana,

estimulando sua participação no processo

decisorio;

- decisões transparentes e comunicação fácil

com todos os níveis;

- objetiva a liderança no seu ramo de atuação;

- capacitação e desenvolvimento humano e

tecnológico como estratégia de crescimento.

O processo de planejamento participativo

foi o grande d i r ec i onador das "mudanças

organizacionais na empresa V. As reuniões de

p l ane j amen to for am f undamen t a is como

instrumento de comunicação e de integração. A

participação foi se generalizando, como um

processo longo e contínuo, extensivo a todos os

níveis da empresa.

Os planos de ação prioritários foram discutidos

e implementados através dos grupos de empregados.

Um outro canal de comunicação importante

entre a diretoria e os empregados foi o CRE -

Conselho de Representantes dos Empregados, cujos

membros foram eleitos entre eles dentro do princípio

de sociocracia praticado pela empresa.

reivindicações dos empregados passaram a ser

negociadas mais agilmente, através do CRE. Os

membros do CRE participam também das reuniões

com o Sindicato.

A empresa instituiu a participação nos lucros

para os empregados (20% dos lucros, distribuídos

em função do nível salarial), o que contribuiu para

a superação da crise financeira.

Este processo de gestão participativa vem

se desenvolvendo na empresa V nos últimos cinco

anos. E um processo longo, lento, mas tem trazido

resultados para a empresa e seus empregados. A

empresa conseguiu superar a crise e hoje trabalha

em uma faixa de lucratividade, distribuindo parte

do lucro a seus empregados. A produtividade dos

recursos humanos cresceu (o faturamento por

funcionário dobrou no período); houve diminuição

de custos de produção, aperfeiçoamento de

processos, aumento na qualificação das pessoas

e melhorias na qualidade de vida no trabalho.