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A estrada real da Propaganda

FRANCISCOGRACIOSO

Presidente da ESPM

este artigo, o Autor defende uma tese nova: as

agências de propaganda precisam, urgentemente,

desenvolver o seu pensamento estratégico. Sua

própria sobrevivência, nos próximos anos, poderá

depender da capacidade de antever os novos

cenários de negócios e manter vantagens

competitivas compatíveis com essa nova realidade.

As razões deste artigo

No começo de 1995, a ESPM e a ABAP

formaram uma parceria com o objetivo de realizar

um simpósio sobre as implicações estratégicas das

novas tecnologias de comunicação, voltado

especificamente para as agências de propaganda.

As duas entidades partiam do princípio de que essas

tecnologias já estão influindo nos negócios das

agências e deverão influir cada vez mais, na razão

direta da abertura da economia e do

desenvolvimento das telecomunicações e do uso

da informática entre nós.

Para surpresa nossa (deste Autor, pela ESPM,

e de Ivan Pinto, pela ABAP), a idéia não pôde ainda

ser concretizada, embora tenhamos esperança de

fazê-lo, no decorrer de 1996. Por um lado, as grandes

agências multinacionais, com experiência real no

assunto, não demonstraram grande interesse em

expor publicamente o que já estão fazendo. De outro

lado, as agências brasileiras em geral, consultadas

por nós, não demonstraram ter muitas preocupações

com as mudanças reais ou imaginárias, que possam

estar ocorrendo. Se pudéssemos resumir numa frase

o estado de espírito predominante diríamos que ele

se traduz assim:

"Quero ver para crer".

Para nós, que não estamos envolvidos nos

desafios e tensões do dia-a-dia das agências de

propaganda, torna-se difícil compreender esta

atitude. Nossas agências, salvo honrosas exceções,

parecem estar imbuídas da crença de que a tática é

mais importante do que a estratégia, na condução

de seus negócios. Em outras palavras, poucos

admitem a importância do pensamento estratégico,

a longo prazo. Ao contrário, julgam que o que

importa é estar apto a resolver os problemas

imediatos colocados por seus clientes. Em resumo,

como ouvimos de um publicitário influente, "o

negócio da propaganda exige mais jogo-de-cintura

do que pensamento estratégico".

Estaria certo esse nosso colega? As agências

de propaganda deveriam contentar-se com o papel

de "segundo violino" que lhes foi confiado,

reagindo

às solicitações de seus clientes, ao invés de tentar

antecipar-se a eles?

Na verdade, quem já trabalhou com grandes

contas sabe que os anunciantes estão

permanentemente enviando às suas agências dois

tipos de solicitações: uma aberta e explícita; e outra

velada e implícita. De longe, esta última é a mais

importante das duas e quem não conseguir decifrá-

la acabará perdendo a conta a longo prazo.