entrevista | SERGIO ALEXANDRE SIMÕES
Revista da ESPM
| setembro/outubrode 2014
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Alexandre
— Quantas empresas já
manifestam os cinco comportamen-
tos apontados como essenciais para
potencializar os investimentos feitos
pelas organizações em tecnologias
digitais?
Sergio
— A pesquisa demonstrou
uma méd ia globa l em torno de
63%. No Brasil, é algo próximo a
59%. Isso significa que o país está
um pouco atrás da média global,
calculada com base em entrevis-
tas com 1,5 mil executivos de 36
países. Já na América Latina, o
número cai para 36%, o que indica
o fato de o Brasil puxar o resultado
para cima.
Alexandre
— Em que dimensão as
empresas desta parte do mundo estão
pecando mais?
Sergio
— É possível perceber, clara-
mente, que o pilar do alinhamento
TI-marketing e o da inovação, de
fora para dentro, estão fracos.
A le xandr e
— Outro dado inte-
ressante da pesquisa é aquele que
mostra que as empresas com alto
QI digital teriam 2,2 vezes mais
chance de estar entre as melhores
em termos de crescimento da recei-
ta, lucratividade e inovação. Claro
que, intuitivamente, eu concordo
com essa ideia, mas qual é a rela-
ção prática entre o alto QI digital,
resultados financeiros e maior cria-
tividade?
Sergio
— O que proporciona maior
crescimento de receita e lucrativi-
dade é ser mais assertivo nas esco-
lhas digitais. Por exemplo: será que
eu preciso comprar um software de
gestão de clientes e redesenhar os
meus processos? Ou usando design
thinking consigo uma solução na
nuvem?
Alexandre
— Esse tipo de escolha
estaria relacionado àqueles cinco
comportamentos?
Sergio
— Se eu tiver o patrocínio do
CEO, um melhor relacionamento
com o marketing para entender essa
cadeia de necessidades do cliente e
uma mentalidade de design thinking,
muito provavelmente minha escolha
será mais assertiva, o que vai trazer
mais receita e lucratividade.
Alexandre
— Você deixou de fora a
questão da inovação. Qual a relação
entre o QI digital e a capacidade de
inovar?
Sergio
— Estão intrinsecamente
unidos. É crucial que as empresas
entendam a importância da inova-
ção e, para que isso aconteça, elas
têm de parar de olhar para dentro e
começar a enxergar o ecossistema
ao redor delas. Precisam começar a
recorrer a essas fontes externas. As
organizações que trabalhammelhor
com grupos externos — sejam os
seus parceiros, seja no relaciona-
mento com as universidades — con-
seguem ser mais ágeis na tomada
das decisões e na aplicação das
novas ideias que vão surgindo.
Alexandre
— Você se refere a um
daqueles cinco comportamentos da
empresa digital, a abordagem de fora
para dentro nos processos de inova-
ção, certo?
Sergio
— Está muito claro para nós,
da PwC, que as pessoas ainda en-
xergam inovação como mudança de
processos, simplesmente. Muitas
vezes, olhando apenas para dentro
da sua própria empresa. São poucos
os pontos de inovação mais abran-
gentes que utilizam o ecossistema,
a inovação aberta.
Alexandre
— A tecnologia pode mu-
dar esse quadro?
Sergio
— A tecnologia hoje, mais do
que nunca, é um instrumento de
transformação, que você pode utili-
zar de maneira simples ou comple-
xa, dependendo da sua necessidade.
Há muitas empresas resolvendo
problemas complexos de forma mui-
to simples. E muitas empresas resol-
vendo problemas não tão complexos
de forma muito complexa.
Alexandre
— Você teria um exemplo
de solução simples para um problema
complexo?
Sergio
— Pense num vendedor de
bebidas que precise v isita r “x”
As organizações que trabalhammelhor comseus
parceiros e no relacionamento comas universidades
conseguemsermais ágeis na tomada das decisões
e na aplicação das novas ideias que vão surgindo