setembro/outubrode2014|
RevistadaESPM
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empresas que mais investiram no
e-commerce não tiveram lucro,
e sim prejuízo. As organizações
precisam prestar mais atenção à
chamada jornada do cliente. Vive-
mos um período, iniciado em 2012,
que estão chamando no varejo de
Década da Mudança. A geração de
pessoas nascidas no fim da década
de 1990 agora está fazendo com-
pras no varejo. Essas pessoas com-
pram menos por impulso e mais
por consulta. Isso significa que,
cada vez mais, entender a jornada
desse cliente e a maneira de como
ele faz a compra é que vai demons-
trar a diferença. Compra boa hoje é
a que gera benefício. Dez por cento
de desconto se pagar com dinhei-
ro? Pode não valer a pena contra o
benefício de acumular milhas no
cartão de crédito para passagens
aéreas.
Alexandre
— E o que a TI oferece para
as empresas diante desse desafio?
Sergio
— Até 2020, quem vai fazer
a maioria das compras é aquele
consumidor que nasceu nos anos
2000, o nativo digital. Meu filho,
que nasceu em 2000, pensa e age
diferente. Então, ele vai comprar de
forma diferente. Quando me pede
para comprar alguma coisa, ele já
olhou num e-commerce, já rastreou
o Reclame Aqui e já vem com uma
opção de compra definida. Eu não.
Eu ainda vou à loja, quero olhar,
quero tocar. Isso vai passar. Vai
ficar mais confortável para o e-
commerce, um mercado que está
ficando mais maduro.
Alexandre
— Os varejistas locais
estão preparados para esse novo ce-
nário?
Sergio
— Hoje, dá para contar nos
dedos de uma mão as empresas bra-
sileiras que realmente conseguem,
na internet, atender e entender o
seu usuário. Essas já começam a ter
uma melhor margem e um melhor
crescimento no e-commerce.
Alexandre
— Um gráfico da pesquisa
“QI digital” trata das cinco principais
tecnologias estratégicas e da impor-
tância que cada uma delas vai ter
para cada tipo de empresa nos próxi-
mos anos. Há alguma tecnologia que
a gente possa dizer que, isoladamente,
é a mais relevante para um período de
três a cinco anos?
Sergio
— Tem quatro letrinhas que
vão fazer a transformação daqui
para frente: SMAC —
social
,
mobile
,
analytics
e
cloud
. Essas quatro tecno-
logias irão fazer toda diferença. E a
integração delas num conjunto.
Alexandre
— Por que elas são as mais
importantes?
Sergio
— Porque são aquelas que
têm condições de trazer alguma
coisa nova pa ra uma empresa .
O “social ”, por exemplo. Na hora
em que as empresas brasileiras
começarem a entender que podem
fazer vendas pelo Facebook, isso
vai provocar transformação. Basta
você ver os planos do governo para
banda larga grátis para perceber
que o
mobile
tem de ser fortemente
considerado. Faz tempo que não
vejo propaganda de carro dizer
que um motor tem tantos HPs.
Falam da mobilidade proporciona-
da pela tecnologia embarcada. O
“analytics” tem a ver com aquela
questão dos
insights
. E o
cloud
sig-
nifica que, cada vez mais, a gente
tem de pagar por uso. Se pago água
por uso e energia elétrica por uso,
eu preciso pagar TI por uso. Não
faz mais sentido montar essas es-
truturas enormes e pagar por uma
ociosidade. É preciso mudar esse
modelo. Por isso, essas quatro le-
tras vão causar grandes mudanças
no futuro.
Emcinco anos, teremos dez vezes
mais dados gerados por coisas do que
por pessoas. Trabalhar bemesses
dados será o diferencial competitivo
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