Por uma
filosofia humanista de gestão
R e v i s t a d a E S P M –
janeiro
/
fevereiro
de
2009
12
dou nos últimos 2.500 anos. A
natureza humana continua a ser
a mesma, com ou sem os com-
putadores. Creio firmemente que
ser justo em nossas decisões é a
melhor garantia de conciliar os
interesses da empresa com o de
seus colaboradores.
Ao lado, tentamos resumir, nosdez
mandamentos de um
Decálogo
,
tudo aquilo que aprendemos em
quase trinta anos de gestão.
Consideraçõesfinais
Eis aí, caro leitor, a nossa profis-
são de fé humanista. Em resumo,
espero ainda ver o dia em que o
humanismo se transformará em
religião; será a primeira delas que
colocará o espírito humano ao
nível dadivindade, comoobjeto e
medida de todas as coisas.
No entanto, com todo este huma-
nismode queme vanglorio, já fui
chamado por alguns colegas de
trabalho (não muitos, felizmen-
te) de “capitalista desalmado”,
pela minha intransigência na
defesa das margens de rentabi-
lidade que considero adequadas
para uma escola. Na verdade,
não existe nada de intrínseco,
numa gestão humanista, contra
a eficiência e a lucratividade da
operação, pela simples razão de
que as melhores empresas para
se trabalhar estão, invariavel-
mente, entre as mais eficientes
e lucrativas de seu setor.
Assuma o papel que lhe cabe, como sumo-sacerdote,
responsável pela preservação dos valores e garantia da
perenidade da empresa. Como nas religiões, as crenças
e valores da empresa são as raízes que lhe dão resis-
tência e vigor.
Lembre-se sempre de que é o futuro que determina
o presente. Isto significa que não há limites para os
nossos sonhos. Pode-se dizer que a empresa será do
tamanho deles.
Abra as estruturas à inovação e àsmudanças. Prepare-se
para viver sob o signo da incerteza e assuma o papel
que lhe cabe, como iniciador e estimulador das mudan-
ças. Lembre-se sempre da famosa frase de Giovanni Di
Lampedusa: “É preciso que tudo mude, para que tudo
continue como está”.
Confie nas pessoas. Você terá muitas decepções, mas
nunca deve desistir. Porém, para o bem da empresa, seja
também impiedoso e não dê segunda chance a quem
demonstre má fé ou falta de caráter.
Desfralde sempre uma bandeira, voltada para a lideran-
ça e a excelência. Procure, acima de tudo, conciliar os
interesses da empresa com os de seus colaboradores,
tornando-os orgulhosos do que estão fazendo.
Cultive a simplicidade. Priorize as soluções que aprovei-
tam os recursos já existentes. Faça comoThomas Edison,
que utilizava o vai-e-vem do portão de seu jardim para
acionar a bomba do poço. E invista tudo o que puder
na construção do futuro.
No humanismo, é a prata da casa que brilha mais. Um
dos pilares da gestão humanista é a promoção humana,
de tal forma que cabe aos nossos próprios colaboradores
o preenchimento da maior parte das vagas superiores
da hierarquia. No entanto, é preciso garantir um fluxo
constante de novos talentos para início de carreira.
Busque sempreaunidade (deações edepropósitos) apartir
dadiversidade. Evitecercar-sedepessoasquepensamcomo
você ou que têm receio de defender as suas opiniões.
“Dar o exemplo não é a melhor maneira de influenciar
os outros. É a única”. Faça desta frase deAlbert Schweit-
zer o lema de sua empresa. Institua, através do próprio
exemplo, os padrões de ética pessoal, comportamento
e atitudes pró-ativas que deseja ver prevalecendo.
Creia na transcendência da empresa e no papel espiritual
que lhe cabe desempenhar. Se não o fizer por convicção,
lembre-se, no entanto, de que a virtude paga bons divi-
dendos. Uma gestão humanista é o caminho natural para
a responsabilidade social e a sustentabilidade.
2.
Decálogodafilosofiahumanistadegestão
FranciscoGracioso
Ex-presidente eConselheiro
Associado da ESPM.
1.
2.
3.
4.
5.
1o.
9.
8.
7.
6.
ES
PM