Revista daESPM –Maio/Junho de 2002
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bilidade e poder de regeneração ante o
inesperado. E isso só se consegue com
muito treinoecom simulações constan-
tes. O que nos remete para o segundo
grupo de ações.
A previsão é a segunda função de
umaSala.Oquenãoquer dizer que seja
uma função secundária. Longe disso.
Além do que resolver crises e agarrar
oportunidades, oobjetivodeumaSalaé
o de não permitir que as crises se insta-
lem eque as oportunidades se esfumem
no ar. E isso se consegue acompanhan-
do os pontos sensíveis, prevendo even-
tos potenciais e alertandoos segmentos
daempresaquepodemserafetados.Mas
atenção: trata-sedeprevisão,nãodepre-
venção. Uma Sala não é e não substitui
órgãos de planejamento, de estudos de
mercado ou de controle de qualidade.
Muitomenos pode tomar o lugar da di-
reção da empresa nem de suas assesso-
rias jurídica, de imprensa, etc.Esses são
segmentos de atuação continuada, com
responsabilidade de prevenção e corre-
ção de rumos. São segmentos com os
quais a Sala interage e que devem ser
alertados sobre possíveis crises e opor-
tunidades.Opapel daSalaéodavigília
continuada e atuação tópica.
6.Funcionamento
saéumahabilidadenatural– istoé, apa-
rentemente,hápessoasdotadaspara isso
– e que se consegue aperfeiçoar com
tempo e dedicação. Para quem não en-
tende do assunto e tem a oportunidade
de assistir, por exemplo, a umoperador
de negócios atuando, a impressão é de
que tudonãopassade sortee inspiração
súbitas ou de azar associado à
irresponsabilidade delirante.Mas não é
assim. Essaspessoas “sentem”as situa-
ções.Oque aSala, com todoo seu apa-
rato faz, é potencializar ao máximo as
condições de exercício dessa
habilidade ou desse dom.
•alarme: Percebidoo
sinal deameaçaouopor-
tunidade, o segundo pas-
so é o de acionar o que os
militares chamam, com
propriedade, de “dispo-
sitivode alarme”;
• captura e
filtragem:Esseé
outro momento
críticodaseqüên-
cia de reação. É
quando a capaci-
dade instalada e
as habilidades
disponíveis,
após o alarme
inicial, são lançadas à pro-
cura de dados [informações
brutas] e informaçõesquepossam
apoiar adecisão.São trêsasquestões
a serem respondidas, quase simultanea-
mente, aqui: i)que informaçõesexistem?
ii) quais interessam? iii) qual a sua
confiabilidade?;
• compartilhamento: Nessemomen-
too resultadoda filtragemédispostono
sistema de visualização. Outro ponto
sensível.A alimentação do sistema tem
que ser administrada de forma que se
possam extrair conclusões válidas. Isso
significaqueo sistemadeve ser alimen-
tado em uma ordem preestabelecida e,
principalmente, que não deve ser
saturado com informações menos rele-
vantes;
• análisecognitiva:Disponibilizadas
as informações, têm lugar os processos
de avaliação e julgamento. Os proces-
sos de deliberação compartilhada (Téc-
nicas deConclaves), para funcionarem,
requeremescolhae treinamento.Emou-
tras palavras, épreciso eleger as que se-
rão utilizadas e treinar intensamente a
equipe de forma que se possa trabalhar
“de ouvido”
1
;
• síntese: As Técnicas de Conclave
raramenteoferecemumadecisãoacaba-
da.Asua aplicação resulta em alternati-
vas para decisão e no peso ponderável
A informação útil para decisão em
uma Sala deGuerra é aquela que guar-
da correlação com as metas imediatas
da empresa. Decisões estruturais, mes-
moas referidasaobjetivosdecurtopra-
zo, são tratadasemoutrosníveis.O tem-
po que conta aqui é o tempo de respos-
ta. Uma Sala destina-se a evitar emer-
gências e a lidar com o inesperado e o
imediato.A seqüência crítica do esque-
ma decisório característico nessas cir-
cunstâncias temaseguinteconfiguração:
• sensoriamento: É a capacidade de
detectaroquesepassanoambiente ime-
diato emediato de atuação da empresa
que iráacionar todoomecanismode in-
formação/decisão. Estar antenado, vol-
tadopara oque pode impactar a empre-
“Aseleçãodeve
estarcentradaem
pessoasque
trabalhambem
sobpressão
continuada.”