Enrique
Saravia
março
/
abril
de
2009 – R e v i s t a d a E S P M
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Baseou sua estratégia na prédica da
“Satyagraha” ou “insistência pela
verdade através da não-violência” e
mediante a desobediência civil e o
jejum. Obteve seu objetivo, mas a
epopeia lhecustouavida.Todaa sua
trajetória foipautadapelaabnegação
epelaadesão ferrenhaaosseussinge-
los,porémexigentesprincípios: igual-
dade,nenhumusodeálcooloudroga,
unidadehindu-muçulmano,amizade
e igualdadeparaasmulheres.
Mandela (1918-...)conseguiueliminar
o “apartheid”, a abjeta discriminação
exercida pelos brancos da África do
Sul contra os habitantes negros e de
outras raças, agindo desde o cárcere
ondesuportou27anosininterruptosde
privaçãodaliberdade.Quandosualuta
começou a vencer e ele foi liberado,
perdoou seus algozes e instalou um
sistema de catarse e perdão coletivos
que permitiu que seu país transitasse,
emharmoniaepaz,oardilosocaminho
da transiçãopolítica
2
.
A vida deMandela sempre foi orien-
tada por valores superiores: “Lutei
contra a dominação branca e lutei
contra a dominação negra. Acalento
o ideal de uma sociedade democrá-
tica e livre em que todas as pessoas
possam viver juntas, em harmonia e
comoportunidades iguais.Éum ideal
peloqualesperoviver.Maséum ideal
pelo qual estou disposto amorrer se
for preciso”
3
. “A luta é aminha vida.
Continuarei a lutar pela liberdadeaté
ofimdemeusdias.”
Aslideranças
empresariais
O campo da administração de em-
presas é pródigo no uso leviano da
palavra
liderança.
Qualquer atividade
deorientação, chefiaoucoordenação
passoua ser chamadade tal.O termo
Liderança
é impropriamente utilizado
como sinônimodegerência.
O bom senso indica que a denomi-
nação de líder não deve ser aplicada
a qualquer gerente. Como vimos an-
teriormente, são indispensáveis certos
atributos para configurar um líder.
De outro lado, e como afirma Thiry-
Cherques (2008), “não encontramos
evidênciasempíricasdequeos líderes
infundamcondutas.Comoocorrecom
políticosnaseleiçõesaotentartransferir
votos, osefeitosda liderançademons-
tram ser fortuitoseocasionais”.
Issonãoquerdizer,comoafirmaoPro-
fessorHermano,quenãosejapossível
“dar condições às pessoas comperfis
psicológicos compatíveis com o “es-
píritode liderança” de realizarem seu
potencial.Mas ninguémpodeafirmar
comose formam líderes.Muitomenos
sustentarqueépossívelalterarpersona-
lidadesemumadireçãodeterminada.
É uma ingenuidade acreditar que os
perfis de pessoas podem ser criados
oumoldadosmedianteadestramento,
observânciademáximasoudeclama-
çãodemantras”.
NoBrasil,doisgrandesprecursorespo-
dem ser consideradosexemplosdesse
“espírito de liderança”. O primeiro
é Irineu Evangelista de Souza, Barão
e depois Visconde de Mauá (1813-
1889), promotor de grandes projetos
demetalurgia, estradas de ferro, bon-
des, telégrafo submarino, iluminação
pública a gás, distribuição d’água e
estaleiros,banqueironoBrasilenoes-
trangeiro.Eledefiniuseupropósitoem
1878: “Reunir os capitaisque seviam
repentinamente deslocados do ilícito
comércio(otráficonegreiro),e fazê-los
convergiraumcentrodeondepudes-
semalimentaras forçasprodutivasdo
país”.Mauáeraavançadodemaispara
seu tempo, foi duramenteatacadope-
losinteressesconservadores,ogoverno
nãooapoiou, eacabou falido.
OsegundoéDelmiroGouveia (1863-
1917), pioneiro da indústria têxtil, na
utilização dos recursos hidroelétricos
do rioSãoFrancisco, na instalaçãode
iluminaçãoelétricana regiãonordeste,
bemcomodeoutrasatividades.Foitam-
A administraçãode
empresas faz uso
leviano da palavra
liderança. O termo
é impropriamente
utilizado como
sinônimo de gerência.
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M. Dueñas
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