Revista daESPM – Setembro/Outubro de 2002
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cobrasdo InstitutoButantã.Aliás, nose-
tor saúde, aDrogariaGranadoeoLabo-
ratório Silva Araújo, suspeitando que
seus produtos não podiam competir no
quesito
glamour
, preferiam ilustrar seus
cartões comos artistasdaépoca–daí as
estampas de Francesca Bertini, Theda
Bara e, como então se escrevia, Maria
Pickford. Outras empresas do ramo não
queriam nem saber: apregoavam com
orgulho seu remédio para "colicas ven-
tosas, desordens gastricas, diarrhea e
vomitos",mas, emvezdo frasco, estam-
pavam a enseada deBotafogo.
Uma das seções mais bonitas do li-
vro é a dos cartões dos hotéis, e a sim-
ples visão dessas imagensmostra omal
que fizemos a nossas cidades. Alguns
desses hotéis não chegaram até nós,
como oAvenida; outros podem ser vis-
tos ainda com omar às portas, como o
Glória e oNovoMundo, e ainda outros
imperavamsozinhosnapaisagem, como
oCopacabanaPalace.Há tambémvistas
deNiterói, São Paulo, Santos, das esta-
ções de águas – ecos de um tempo em
queoBrasil eramuitomaischique.Chi-
que enem sempre ingênuo: a seção ero-
tismo do livro nos contempla com uma
dúzia de poses de nus femininos produ-
zidosnosanos10, emboraassociedades
de cartofilia existentes aqui desde 1903
pedissem a seus membros que não cir-
culassem imagens como aquelas.
Como vemos, não adiantou, e ainda
bem que foi assim – para sabermos que
formas e volumes atiçavam a libido de
nossos bisavós.
Há estilos para todos os gostos neste
livro:desenhosemartnouveau, artdéco,
eclético e "moderno", fotos em sépia,
quatrocoresoucolo-
ridas à mão e toda a
variação tipográfica
permitida nos pri-
meiros 50 anos do
século 20.
Poderia abranger
um período ainda
mais extenso se o
Brasil tivessepermi-
tidomais cedoouso
dos cartões para fins
de propaganda (o
quesóaconteceuem
1899).Claroque,an-
tesdisso, já tínhamos
cartões mostrando
nossas belezas, por-
que as companhias
internacionais dena-
vegação já tinhamhá
muito descoberto o
Rio–eelasnãoesta-
vam proibidas de
apregoá-lo.Semfalar
em que as grandes
empresas alemãs do
mercado de cartões-
postais tinhamrepre-
sentantes nas princi-
paiscidadesdomun-
doeeditavam longas
séries sobreessasci-
dades.Deve tersido
assim que, alerta-
dos pelo olho do es-
trangeiro, finalmente
abrimososolhosparanós
mesmos.
Comoaconteceatéhoje.
• Samuel Gorberg
–Empresário e dedica-se a várias atividades
ligadas àpreservaçãodamemóriahistóricabrasileira. Alémde
A
PropagandanoBrasil através doCartão-Postal,
escreveu e editou
o livro reunindo as
EstampasEucalol
, de 1930 a 1960.
•RuyCasro
– Jornalista e autor de diversas obras sobre a história da
cultura brasileira como
Chega de Saudade
(sobre aBossaNova)
e
O
AnjoPornográfico
(a vida deNelsonRodrigues).
