Revista ESPM JUL AGO 2012 - Comunicação Integrada espetáculo à procura de maestros - page 72

Revista da ESPM
| julho/agostode 2012
72
comportamento
Vai se perdendo também a capacidade de “ler” os sinais
dasexpressõesfaciais,poisaspessoasnãotêmfisionomias
emoticons
. Os sentimentos humanos são muitos, e não ra-
ramente contraditórios. Difícil escolher aquele quemelhor
definadeterminadasituação.Porvezes,devemser váriosos
emoticons
paraamesmasituação,eaindadeve-secontarque
o receptor seja ótimo intérprete, senãofica por issomesmo
– “eu escrevo e ooutrofinge que entende”, e acabapor aí. No
Facebooksóexisteaopção“curtir”ouosilêncio,odesprezo.
Nãosercurtidoéumaexperiênciachata.Dizeralgumacoisa
queninguémnotouécomocontarumapiadasemgraça,que
ninguémri, e que deixa o contador constrangido.
Pior do que perder a percepção do outro é perder a cone-
xão consigo mesmo. Tornar-se incapaz de reconhecer as
sensações do próprio corpo e os próprios sentimentos em
relaçãoàscoisasepessoas.Senãoforcapazdereconheceros
sentimentos e sensações emsimesmo, oque diránooutro.
Falta o sentir, depois vemo verbo. Ahumanidade caminha
a passos largos nessa direção, evitando sentir e não falar.
Agora, transporte tudo isso para o ambiente organiza-
cional. São muitos os desafios dos gestores de pessoas.
As relações humanas nunca foram simples. Porém, com o
advento da “virtualização”, as relações dos gestores com a
equipe tambémprecisamde atenção.
Meupensamentoéque,antesqueosgestoresseentusias-
memcomnovosaplicativoseferramentaseletrônicas,para
gestãode pessoas, deve-se retroceder para o básico, a cons-
trução de vínculos. Essa ideia do princípio KISS, acrônimo
que em inglês quer dizer “
Keep it simple, stupid
” ou “
keep it
simpleandstraightforward
”,tambémumtrocadilhode“prin-
cípio do beijo”, valoriza a simplicidade do projeto e defende
que toda a complexidade desnecessária seja descartada.
Muito se revela através do bom e velho olho no olho, da
escuta ativa, da atenção aonão verbal e à linguagemcorpo-
ral. Fatalmente, são aspectos que se perdemnuma relação
virtual e/ou digitalizada.
Não quero fazer nenhuma crítica contra as ferramentas
eletrônicas. Elas vieram para ficar. Facilitam a vida, desde
que as dominemos, e não sejamos dominados por elas.
Percebo as pessoas escravas de seus aparelhos. Algumas
até adoecem se ficam sem conexão, como se estivessem
abandonadas ou excluídas do universo. Será?
Segundo o
American Journal of Psychiatry
, mais do que
vício, o uso excessivo de internet pode ser considerado dis-
túrbiomental. “Viciados” podemperder a noção do tempo,
chegando a esquecer de comer e dormir. Comportamentos
exagerados podem levar ao isolamento social. Quem não
vive sem o aparelho celular também é chamado de nomo-
“Estamosperdendoacapacidadedeescutaratentamenteooutro.
Quandose tecla, o tempoderespostasedáno tempodooutro, e isso
pode serumflageloparaquemespera, poisaexpectativaéqueo
outroresponda imediatamente, no tempodequemdigita”
Campanhacontraa“culturadoódio”,criadapelaBenetton,
quelevouoGrandPrixnacategoriaPressdoFestivalde
Cannes2012,ilustraoconceitodopríncipiodobeijo
1...,62,63,64,65,66,67,68,69,70,71 73,74,75,76,77,78,79,80,81,82,...120
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