Revista ESPM - maio-jun - Brasil Assombrado. Que caminho seguir. - page 39

maio/junhode2013|
RevistadaESPM
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“TemdeseconcederaDilma
obenefíciodadúvida”
Por Alexandre Teixeira
Foto: Divulgação
E
m um momento de desconfiança quanto aos rumos da economia brasi-
leira e de preocupação com a anêmica recuperação das finanças globais,
o economista Maílson da Nóbrega lançou o documentário
O Brasil deu
certo. E agora?
Soou como provocação, sobretudo para quem acompanha
os comentários — críticos ao governo — que o ex-ministro tem feito na condição de
comentarista econômico e sócio-fundador da consultoria Tendências.
Maílson, porém, não está sendo irônico, muito menos ingênuo, ao falar do Brasil
que deu certo, como deixou claro em sua apresentação na pré-estreia do filme, na úl-
tima semana de abril. “Muitos me perguntam: ‘Será que o Brasil deu certo mesmo?’”,
disse ele. Sua resposta é positiva. Dar certo, para Maílson, é ter passado do ponto que
ainda permitiria retrocessos políticos, econômicos e institucionais. É ter chegado a
um estágio no qual maus governos podem, no máximo, penalizar o país com a perda
de oportunidades — e não mais commudanças de rumo catastróficas.
Ocenáriodecurtoemédioprazos, porém, lhe suscitamaispreocupaçãoqueesperança,
como explicita nesta entrevista. A política econômica ditada por Brasília, na sua análise,
está se distanciando da herdada do governo FHC e flertando comummodelo intervencio-
nista, decertomodo inspiradopelocapitalismodeEstadopraticadonaChina, queviveum
crescimentosemelhante comodoBrasil daépocadomilagreeconômicodos anosde1960
e 1970. Maílson sabe do que fala. Sobretudo, conhece de perto as consequências de um
surto de desenvolvimentismo de viés centralizador e autoritário. Ele integrou as equipes
econômicasdos governosmilitaresdeErnestoGeisel e JoãoFigueiredo, nofinal dadécada
de 1970, e foi ministro da Fazenda no governo de José Sarney. Era ele o principal gestor da
economia brasileira quando a inflação atingiu o recorde de 84% aomês em1989. Por mais
que repudie a leniência de integrantes do governo Dilma com “um pouco” de inflação,
Maílson está seguro de que não corremos o risco de um retorno ao caos hiperinflacioná-
rio. Éprecisamentenesse sentidoque, para ele, oBrasil deu certo. Eagora?
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