maio/junhode2013|
RevistadaESPM
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de suas atividades profissionais. Em janeiro de 2013, a
Fiesp/Decomtec publicou o documento Carga Extra na
Indústria Brasileira (Parte 3 – Custos de custos extras de
serviçosa funcionáriosdevidoadeficiênciasdos serviços
públicos). O levantamento concluiu que o impacto repre-
sentadopelo oferecimentodesses serviços é da ordemde
0,96% do preço dos produtos industriais.
A inflação medida pelo IPCA dos bens não comercia-
lizáveis tem sido, nos últimos oito anos, maior que a dos
bens comercializáveis. Em 2012, a variação acumulada
em 12 meses do IPCA dos bens não comercializáveis foi
de 8,1%, enquanto os preços dos bens comercializáveis
variaramapenas 4,4%. Uma vez que a indústria é intensa
consumidora de serviços, a elevação dos preços dos ser-
viços contribui para agravar o custo Brasil.
O cenário exposto acima, caracterizado por um ele-
vado custo Brasil, revela um ambiente macroeconômico
inóspito ao desenvolvimento do setor industrial, o que
representa uma grande perda para a economia brasileira.
O setor industrial é intensivo em investimento produtivo
e a retração da indústria representa umentrave ao cresci-
mentodaeconomiabrasileira.Umambientemaispropício
ao desenvolvimento industrial afetaria positivamente o
crescimento econômico nacional, pois, entre os grandes
empregadores, osetor industrial pagaosmelhoressalários
conforme o aumento da escolaridade. A produtividade
desse setor é 31% maior que a média da economia e, no
setor privado, a indústria de transformação realiza 70,5%
de todos os gastos empesquisa e desenvolvimento (P
&
D).
Além de todo o ônus causado pelo custo Brasil, a
produção industrial nacional ainda enfrenta mais uma
barreira imposta pela política brasileira de valorização
cambial. Pois, apesar da desvalorização relativa ocorrida
emmeados de 2011, o real segue valorizado. Entretanto, a
trajetória do desenvolvimento das principais economias
domundo indicaquea taxadecâmbiovalorizadarestringe
o crescimento de longo prazo, sobretudo pela limitação
que impõe à atividade da indústria de transformação.
Essa limitação decorre do fato de a valorização cambial
provocar reduçãodopreçodeprodutos importados, sendo
essa redução mais significativa que a incorrida no custo
latinstock
Trabalhadoras chinesas produzembonecas que serão
vendidas a preços elevados emdiversos países. Amão de
obra barata tematraído cada vezmais empresas para a
China e acirrado a concorrênciamundial.Mas até quando a
população vai aceitar essemodelo de linha de produção?
Fica evidente que oproblema é a falta
de competitividade da economia.
Aqui, o custoBrasil e apolíticade
valorização cambial se evidenciam