Comércio exterior
Revista da ESPM
|maio/junhode 2013
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perceberam que proteção tarifária aumentaria o preço
de insumos e partes intermediárias cruciais para a com-
petitividade de suas indústrias. Aumentar alíquotas de
importação de insumos simplesmente vai na contramão
da tendência mundial. Cada vez mais, o comércio inter-
nacional se transforma num comércio de partes e peças
que já representa metade das importações dos países
da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento
Econômico (OCDE) e quase 75% das importações de
países como China e Brasil. Além disso, as exportações
mundiais também contêm um teor cada vez maior de
importações, assim misturando a distinção do próprio
conceito de importações e exportações. No caso dos
países desenvolvidos, esse efeito é realçado pelo fato
de que eles contribuem com elevados patamares de
conteúdo tecnológico ou de conhecimento.
Os dados daOCDEmostramque, nos países desenvolvi-
dos, cerca de 25%do valor das exportações são de produtos
intermediários, chegando a 44%das exportações daUnião
Europeia. Na China, a parte das importações nas expor-
tações é de 30%, o dobro dos níveis do Brasil e da Índia.
Percebe-se tambémque, emtodosospaíses, essaproporção
de componentes importados embutidos nas exportações
aumentou entre 1995 e 2005, como retrata abaixo o gráfico
Componente importado nas exportações
.
Segundo o WEF, há cinco tendências globais que ex-
plicam a evolução da localização e estrutura das cadeias
globais nos próximos anos: o aumento do custo de trans-
porte no mundo; o aumento do preço de insumos devido
a uma demanda crescente; o aumento do “custo China”;
uma maior participação por parte de países pequenos em
nichos das cadeias produtivas emvirtude da tecnologia da
informação; e o crescimento econômico de países do Sul.
Assim, as nações desenvolvidas
devem continuar se esforçando
para manter suas indústrias e
seus empregos, enquanto os
países em desenvolvimento se
esforçarão cada vezmais para en-
trar nas cadeias globais de valor.
Os avanços na tecnologia e
na informática, com a compu-
tação e softwares permitindo
uma melhor coordenação e
organização administrativa em
grande escala, foram cruciais
na conformação das cadeias de
valor globais. Com tais avanços,
as empresas começaram a apro-
veitar as diferenças de custo de
mão de obra e recursos naturais
para distribuir as diferentes eta-
pas de suas fábricas emdiversos
países. A nova estrutura revela
empresas com unidades fabris
dispersas pelo mundo, um flu-
xo contínuo de insumos, peças
e produtos finais, junto com a
comunicação e troca constante
de informação, pessoas, treina-
Componente importado
nas exportações
Fonte:
OECD-WTO TiVA
1995
2005
EUA
Reino Unido
França
Itália
Hungria
Índia
Brasil
Japão
Indonésia
Turquia
Alemanha
Espanha
Luxemburgo
Chile
China
Estônia
Coreia do Sul
0
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
Não saímos do discurso de crise
mundial, aproveitando a crise dos
outros para justificarmedidas de ajuda
governamental e proteção demercado