Revista ESPM - maio-jun - Brasil Assombrado. Que caminho seguir. - page 29

maio/junhode2013|
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economia e a fariam voltar a crescer. Na área de infra-
estrutura, por exemplo, dependemos do capital externo
para avançar nos diversos projetos propostos pelo go-
verno, de rodovias a aeroportos e portos. No entanto, o
investidor estrangeiro está desconfiado da capacidade
de gerenciamento econômico do governo, com as mu-
danças de regras regulatórias, com a sustentabilidade
do regime cambial. A paralisia interna e a relutância
externa aumentamdiante da antecipação da campanha
eleitoral de 2014, das evidências de que o governo não
mudará de rumo antes das eleições.
Diante disso, vamos dando os retoques finais em
um quadro desalentador, um quadro de oportunida-
des perdidas. Tivemos oito anos — de 2003 a 2010 — de
bonança externa, um período em que poderíamos
ter usado a fartura de recursos estrangeiros para
transformá-la em ganhos duradouros para o país.
Poderíamos ter melhorado a infraestrutura, impedin-
do que a indústria sofresse como tem sofrido, o que,
por sua vez, teria nos poupado do retorno das velhas
políticas protecionistas que nada de bom trazem para
o país. Poderíamos ter pensado um pouco mais sobre
a modernização da indústria brasileira, sobre a sua
inserção nas cadeias globais de produção. Poderíamos
ter nos engajado mais abertamente no comércio,
buscando acordos com outros países, sobretudo na
América Latina. Não fizemos nada disso. A janela de
oportunidade se foi.
Ficamos, pois, como a paciente do Dr. Oliver Sacks,
sofrendo de surtos alucinatórios esporádicos em que
nos imaginamos ser capazes de resgatar o crescimento
chinês de 2010 — os 7,5% — por meio de políticas velhas e
desgastadas.
Nãohádúvidadequea imprudênciadosoutros, adesor-
demmacroeconômicados países centrais, nãonos ajuda.
A diferença é que eles sabem que sofrem da síndrome
de Charles Bonnet, de que, na cegueira, alucinações são
possíveis e que o melhor a fazer é simplesmente deixar
que esmoreçam.
Nósnãoagimosassim.NóssomosoBrasil.Assombrado.
Monica Baumgarten de Bolle
Economista, professora da PUC-Rio e diretora do Instituto
de Estudos de Política Econômica (Iepe)/Casa das Garças
Oex-presidente Lula, sua esposaMarisa, a presidente
DilmaRousseff emembros doPartido dos Trabalhadores
comemoramos 10 anos doPT no governo comfesta,
propagandanaTV, lançamentode livroeseminário itinerante
divulgação
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