Revista ESPM - maio-jun - Brasil Assombrado. Que caminho seguir. - page 30

Comércio exterior
Revista da ESPM
|maio/junhode 2013
30
Ocusto Brasil continua
altíssimo e é suficiente para
justificar as preocupações
comnossa competitividade
Descubraqual éareal posiçãoocupadapeloBrasilnascadeiasglobaisdevaloreporque
precisamosparardeolharparanossopróprioumbigoquandooassuntoécomércio internacional
Anova
geografia
daproduçãomundial
A
discussão do comércio internacional sofreu
bastante na década passada, em virtude de
fortes tendências contrárias à liberalização,
como o fracasso da Rodada de Doha da Orga-
nização Mundial do Comércio (OMC), a crise financeira
global, o consequente protecionismo e o crescente inter-
vencionismo estatal atémesmo nos países desenvolvidos.
Terminamos os primeiros dez anos do século 21mal sain-
do da crise e, de certa forma, ainda traumatizados com a
fragilidade dos mercados em face das políticas públicas
equivocadas e, em particular, pela falta de responsabili-
dade regulatória nas transações internacionais.
No entanto, há um comércio que cresce com ou sem
acordos e até mesmo com ou sem protecionismo: o co-
mércio que entende como o mundo está evoluindo, que
se adapta e que “faz sentido” num mundo cada vez mais
interdependente e diversificado. No Brasil, não saímos
muito bem ainda do discurso de crise mundial, apro-
veitando a crise dos outros para justificar medidas de
ajuda governamental e de proteção de nossomercado. Na
verdade, o Brasil não precisa de crise para justificar tais
coisas. O custo Brasil continua altíssimo e é suficiente
para justificar as preocupações com nossa competitivi-
dade. Ainda que seja inaceitável simplesmente assistir à
indústria brasileira perder tanto terreno para seus com-
petidores — seja dentro ou fora do Brasil —, há umsenso de
que proteger por proteger tampouco resolve nossos pro-
blemas — e que talvez, emmuitos casos, agrave a situação,
ao privar os produtores nacionais do acesso a insumos
importados que possam restaurar, pelo menos, parte de
sua competitividade.
Se continuarmos olhando só para nosso próprio umbi-
go, sem dúvida será difícil vislumbrar a plenitude da rea-
lidade do comércio que se impõe. Omundo evoluiumuito
e, com ele, o comércio internacional. Talvez as regras do
comércio estejam estagnadas em virtude da ausência de
uma rodada bem-sucedida de negociações multilaterais.
Talvez a liberalização do comércio também sofra da
falta de acordos. O comércio em si, no entanto, continua
avançando. Há empresas e países que já não funcionam
mais no “modo crise” e operam com sucesso no mercado
internacional. Algumas companhias e nações estão se
dando bem e outras nem tanto. Infelizmente, nosso caso
insere-se no grupo dos “nem tanto”.
Com a palavra, o WEF
O FórumEconômico Mundial (WEF, de World Economic
Forum) tem pautado suas discussões sobre o comércio
internacional num estudo publicado com o nome de
The
shifting geography of global value chains
sobre a tendência
de crescente integração global das cadeias de valor. Em
termos gerais, a expressão “cadeias globais de valor” se
refere às atividades que empresas e trabalhadores agre-
gamda concepção à rendição final de umproduto, envol-
vendo múltiplos atores localizados em diversas partes
do mundo. O levantamento aborda esse novo fenômeno
do comércio internacional e o contrasta com o recente
aumento de protecionismo após a crise financeira. Cobra
tambémda OMC umamaior atenção à inter-relação entre
as cadeias de valor e o futuro do comércio.
De acordo com a análise, a integração atual das
cadeias produtivas tem ajudado a conter parte do movi-
mento protecionista, pois, em muitos casos, governos
PorMárioMarconini
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