Comércio exterior
Revista da ESPM
|maio/junhode 2013
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valores agregados dos componentes, esse deficit é somente
deUS$73,5milhões—ouseja,menosde4%dovalor final do
produto. O resto do comércio é entre os Estados Unidos e o
Japão (-US$ 695milhões), Coreia do Sul (-US$ 259milhões),
Alemanha (-US$341 milhões) e outros (-US$543 milhões).
Esse exemplo demonstra o quanto o panorama comercial
do mundo seria diferente se os dados fossemmensurados
de outra forma
(ver gráfico acima
).
Dados estatísticos do Trade in Value-Added (TiVA), o
recém-criado sistema conjunto da OMC com a OCDE,
mostram que os países desenvolvidos estão de uma for-
ma geral mais integrados comercialmente em serviços
do que os países emdesenvolvimento. Mostram também
uma perspectiva diferente sobre o comércio bilateral
dos países. A China, que tem registrado superavits co-
merciais crescentes em “valores tradicionais” há muitos
anos, exibe um comércio altamente deficitário quando
os índices se referem ao valor agregado em suas expor-
tações. A diferença entre a balança comercial chinesa
tradicional e a relativa ao valor agregado emexportações
tem chegado a US$ 4 bilhões — o que não é um número
trivial. Já o caso americano é interessante porque o
comércio em valor agregado “melhora” sua balança co-
mercial em US$ 1 bilhão. O gráfico
Balanças comerciais
tradicionais x balanças comerciais de valor agregado
, na
página 36, indica essas diferenças.
Estima-se que o valor dos serviços no comércio inter-
nacional represente acima de 50% do comércio de valor
agregado dos países da OCDE — em contraste com os
25% considerados quando apenas se compara o valor de
exportações de serviços comerciais.
E como fica o Brasil?
A partir dos dados apresentados pelo TiVA, podemos
avaliar a posição comercial brasileira, à luz da aborda-
gem de comércio por valor agregado. Segundo a OCDE,
em termos de exportações brutas, o Brasil aparece na
vigésima posição do rankingmundial, comapenas 1,35%
das exportações mundiais. Já no quesito “valor agrega-
do estrangeiro” — que indica a contribuição de fatores
produtivos externos (insumos, serviços, logística), na
receita doméstica de exportação e, portanto, ajuda a di-
mensionar a competitividade dos produtos no mercado
internacional —, o Brasil ocupa a 39ª colocação, com um
conteúdo de valor estrangeiro de apenas 8,6% das expor-
tações brutas. Curiosamente, omesmo ranking classifica
os Estados Unidos em38º lugar, mas isso não revela falta
de integração com cadeias produtivas, e sim o contrário:
os americanos são os maiores exportadores líquidos de
insumos e bens intermediários
(ver tabela na página 36
).
No Brasil, em termos gerais, quanto maior o valor
agregado estrangeiro em produtos industriais (não
Balança comercial americana do iPhone
(emmilhões de US$)
Mensuração tradicional
Mundo
-2000
-800 -700 -600 -500 -400 -300 -200 -100 0
0 -100 -200 -300 -400 -500 -600 -700 -800
-2000
Mensuração de valor agregado
Participação por país:
Resto domundo
Alemanha
Rep. da Coreia
Japão
China
-1,901
-1,901
-1,901
-73
-695
-259
-341
-543
Fonte:
Fórum Econômico Mundial - A geografia emmutação das cadeias globais de
valor: implicações da política comercial para os países em desenvolvimento (2012)
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