Revista ESPM - maio-jun - Brasil Assombrado. Que caminho seguir. - page 56

TEORIA ECONÔMICA
Revista da ESPM
|maio/junhode 2013
56
amplo plano de privatizações. Suas economias mudaram
radicalmente e um ciclo ininterrupto de crescimento
varreu o mundo de 1980 até 2008.
Enquanto isso, no país do futebol...
EoBrasilaindapensaemtermosdeumladocontraooutro.
Desde o descobrimento, quando os portugueses vieram
tomar possedas “terrasdopau-brasil”, odesenvolvimento
econômico do Brasil esteve atrelado a fatores externos e
não à individualidade e iniciativa privada dos brasileiros.
Ao contrário das empreitadas privadas de britânicos e
holandeses, coma Companhia de Liverpool ou das Índias
Ocidentais, oprocessodecrescimentodoBrasil foi capita-
neado por umametrópole controladora de toda atividade,
através de regulação e taxas. Não que isso não existisse
em colônias britânicas ou holandesas, mas a integração
dessas elites ao cenário mundial era mais contundente e
elaborada,muitas vezes provocando a independência das
colônias ou outros tipos de acordo comercial.
Avesso à independência e à livre iniciativa, o Brasil foi
pródigo em impor limites a líderes empresariais como
Mauá, criando uma elite subserviente às vontades de seu
imperador e aos presidentes da Primeira República. Ao
longo da história, o capitalismo nacional incipiente era
praticadotantopelogoverno—pormeiodeumsem-número
de empresas estatais, como Petrobras, Usina deVoltaRe-
donda, Banco do Brasil, entre tantos exemplos — quanto
por empresários que se valiam de permissões especiais
para construir monopólios.
De certa forma, embora surgidos de origens distintas,
esses movimentos buscam, na teoria capitalista, desen-
volver suas atividades. Como este movimento surgiu de
cima para baixo, não penetrou na sociedade e é, até hoje,
responsável pela miopia econômica em que se vive. Ao
menor sinal de dificuldade, grandes empresas ou suas
agremiações representativas se socorremdaspolíticasde
governo para equilibrar suas finanças, via empréstimos
no BNDES, pressão por taxas de câmbio favoráveis ou
reduçãode impostos específicos a suas atividades. Não se
discute aqui as origens das crises,mas oque se pode fazer
de imediato para reduzir os efeitos. É como se, tendo um
paciente doente, o médico apenas aumentasse a dose do
remédio, sem se preocupar com a causa da enfermidade.
OBrasilémíopeenãoprocura,apesardotamanhodeseu
mercado e do interesse global por ele, adequar-se às novas
realidades de competição internacional, desenvolvimento
educacional e ações que asseguremcondições para o cres-
cimento. Atraem-se investimentosmais pela dimensãodo
mercado do que pelas condições de liberdade econômica e
desenvolvimento.Oqueseobservacomomelhoriadascon-
diçõesdevidadapopulaçãodecorredebenessesdogoverno
federal, como programas de auxílio direto e empréstimos
para o consumo. Não está errado, mas é insuficiente para
pensar emumuniverso de 20 ou 50 anos.
Tal falta de planejamento estratégico de longo e lon-
guíssimo prazo já começa a cobrar sua conta. O exemplo
dramático daCopa de 2014 é omais visível,mas a infraes-
trutura logísticaeenergética, já limitada, temcontribuído
para índices de crescimento tímidos dos últimos cinco
anos. Outro grande problema é a falta de liberdade de
empreender e de promover um ambiente ou ecossistema
propício para o nascimento e continuidade de pequenos
Faixa proclama ”socialismo oumorte” naHavana
do revolucionário cubano Fidel Castro
latinstock
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Marcha organizada peloPartido Comunista para
comemorar o 93
o
aniversário daRevoluçãoRussa
1...,46,47,48,49,50,51,52,53,54,55 57,58,59,60,61,62,63,64,65,66,...132
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