maio/junhode2013|
RevistadaESPM
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raçãoda força de trabalho”, comomostra JacobGorender,
na obra
Marx: o capital
(EditoraAbril, 1983). Issonada tem
a ver com a composição orgânica do capital ou inclina-
ções subjetivas. Marx entende que “a demanda, pormais
que a influenciempreferências individuais, está antes de
tudo subordinada à prévia distribuiçãodos rendimentos,
de acordo coma estrutura de classes existente”. De nada
adiantaria ao operário ter asmesmas preferências de seu
patrão, se seu salário impede a aquisição domesmo bem,
uma vez que o lucro de seu patrão permite o consumo
desejado e sobras para investimento.
Oentendimentodoque sejaaaçãohumana, o tamanho
dos governos e as funções do Estado têm, desde então,
acalentado discussões e alternado políticas de governos
em todo o mundo, democrático ou não. Em que pese o
fato de que durante a Segunda GuerraMundial os colegas
do King’s College em Cambridge, na Inglaterra, tenham
passado noites juntos no telhado na escola, emvigília aos
ataquesnazistas, JohnMaynardKeyneseFriedrichHayek
nuncaapoiaramas ideias alheias, apenas “concordadoem
discordar”. Tal fato é apontado por NicholasWapshott, no
livro
Keynes Hayek: the clash that defined modern economy
(EditoraWWNorton & Company, 2011).
Naanálisedacrisede1929,KeyneseHayeksustentavam
visõesdiferentessobreopapeldogovernoeasameaçascon-
tidasnoseutamanhoàsliberdadesindividuaiseàinterven-
çãonosmercados.Comacrisedesetembrode2008,George
W.Bushrapidamentesaltadesuapolítica“hayekiana”para
ummodelo“keynesiano”,depoisprolongadoeaprofundado
por Barack Obama. De qualquer forma, a discussão não
deixou de ser sobre o capitalismo ou a forma de revigorar a
economiademercado.Emnenhummomento,anãoserpor
alguns pseudoprofetas messiânicos e “esquerzofrênicos”,
alentou-se a volta a uma sociedade rural emcomunas ou a
apropriação de propriedades privadas.
O capitalismo funciona em ciclos de crescimento,
consolidação e crises, quando sociedades que até
aquele momento vinham se desenvolvendo encontram
dificuldades para continuar financiando seu
momentum
econômico. Emseu livro, Gorendermostra tambémque a
grande depressão, ocorrida entre 1929 e 1933, propiciou
a revolução da noção de Keynes de que crises poderiam
ser submetidas a certo grau de controle e atenuadas pela
intervenção do Estado.
No final dos anos 1970 e durante as duas próximas dé-
cadas, o liberalismo renasce, errônea e pejorativamente
chamadode “neoliberalismo”. RonaldReagan, nosEstados
Unidos, e Margaret Thatcher, na Grã-Bretanha, aplicam
umreceituário econômico liberalizando políticas regula-
tórias (especialmente a legislação trabalhista), diminuin-
do o tamanho e as atribuições do Estado através de um
latinstock
Juntos, RonaldReagan, presidente dos EstadosUnidos, e
Margaret Thatcher, primeira-ministra daGrã-Bretanha,
defenderama empresa privada e combateramos sistemas
comunistas na Europa, acabando comaGuerra Fria
Do final dos anos 1970 até a década
de 1990, o liberalismo renasce,
errônea e pejorativamente
chamado de “neoliberalismo”