Revista ESPM - maio-jun - Brasil Assombrado. Que caminho seguir. - page 65

maio/junhode2013|
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Aameaçaamericana
Por Alexandre Teixeira
Foto: Divulgação
O
entusiasmo com notícias e escaramuças intelectuais econômicas
do jornalista Celso Ming, aos 70 anos, é de fazer corar os colegas
com menos da metade de sua idade que passeiam pelas redações
com o ar blasé de quem já viu de tudo na vida. Às nove horas da
manhã de uma quarta-feira de maio, Ming já cumpriu sua rotina matinal de
três jornais (em papel e tinta), serviços noticiosos diversos (na tela de um de
seus computadores), e
flashes
da Broadcast, o serviço econômico-financeiro
em tempo real da
Agência Estado
, instalado em um notebook na mesa de seu
home office
. Ao final da leitura, o tema de sua coluna diária para o
Estadão
se impusera: o IPCA, índice de preços oficial, saíra, mais uma vez, acima do
esperado, reforçando a percepção de inflação fora de controle.
Ao lado de Joelmir Betting, morto em novembro de 2012, Ming liderou a geração
de jornalistas que despiu a cobertura econômica do “economês” que a tornava in-
compreensível para a maioria dos leitores e ajudou o país a entender o que se pas-
sava nos intermináveis anos de hiperinflação, planos econômicos, congelamentos
e confiscos. Ele iniciou sua carreira na
Folha de S.Paulo
, mas foi como cocriador da
seção Seu Dinheiro, lançada em 1981, no
Jornal da Tarde
(extinto em outubro de
2012), que começou a deixar sua marca na imprensa brasileira. Sua coluna diária é
publicada desdemeados de 1993, primeiro no
JT
, depois em
O Estado de S.Paulo
.
Seu maior mérito, como comentarista econômico, talvez seja a capacidade de
analisar assuntos cotidianos e conjunturais sem perder de vista as tendências
estruturais, com impacto de longo prazo. Na manhã fria em que concedeu esta
entrevista, os interesses de Ming estavam divididos entre a inflação renitente no
Brasil e o início da era do gás de xisto nos Estados Unidos — um fenômeno que, na
sua análise, é capaz de virar a economia global de cabeça para baixo, pelos pró-
ximos 20 anos, e não está sendo levado suficientemente a sério, pelo menos no
Brasil. O tema é complexo, mas, se depender de Ming, será compreendido.
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