Macroeconomia
Revista da ESPM
|maio/junhode 2013
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Qual é mesmo a pergunta?
Para o economista Fabio Giambiagi, o consumo pode ala-
vancar o crescimento durante alguns anos, mas é preciso
aumentar os investimentosnopaís comoobjetivodegerar
um modelo sustentado de desenvolvimento. “Alavancar
esses investimentos é um processo muito mais complexo
que estimular a política do ‘pau namáquina’ de consumo a
juro baixo e crédito farto. Esta é a chamada ‘etapa fácil’ do
crescimento. Nela, o país foi aprovado. Já na ‘prova difícil’,
estamoscomdificuldadesatéparaentenderasquestões...”,
comenta o profissional que já atuou no Banco Interame-
ricano de Desenvolvimento (BID), em Washington, e na
assessoria doMinistério do Planejamento emBrasília.
Autor de inúmeros livros sobre o assunto, como
Bra-
sil: raízes do atraso — paternalismo versus produtividade
(Editora Campus, 2007), Giambiagi mostra como o assis-
tencialismo viciado do governo e os elevados gastos do
setor público emperram, há anos, o crescimento do país.
“Estado e setor privado devem ser sócios do progresso,
cada qual cumprindo o seu papel. Ao Estado cabe cuidar
da educação, da saúde, da Previdência, da estabilidade
econômica e dos despossuídos. Enquanto o setor privado
é imbatível em fazer o empreendedorismo florescer e
os negócios prosperarem. É isso que os chineses des-
cobriram na década de 1970 e que boa parte de nossos
dirigentes políticos ainda não entendeu.”
Giambiagi diz que hoje a imagem do Brasil passa por
um processo de desbotamento. “O país fez muitas coisas
positivas nos últimos 20 anos, mas foi supervalorizado
pelo resto do mundo no final da década passada”, salienta
o economista citando três acontecimentos que levaram a
essa supervalorização: o auge do crescimento, propiciado
por uma combinação de circunstâncias, com destaque
para o amadurecimento de reformas antigas, a existência
de capacidade ociosa e o
boom
das
commodities
; o fato de o
mundo estar de pernas para o ar; e a escolha do país como
sede da Copa do Mundo de 2014 e dos Jogos Olímpicos de
2016.“Aospoucos,voltamosaservistoscomoumpaíscom-
plicado,ondetudodemoraparaserresolvidoeosproblemas
estruturais, que obstaculizam o crescimento, continuam
aí, como há 20 anos, semque o país tenha atacado correta-
mente seus gargalos.” Ele acrescenta ainda que Fernando
Henrique Cardoso entrou para a história como o governo
que trouxe a marca da estabilidade e das reformas, depois
de anos de hiperinflação reprimida e paralisia decisória.
“Lula ficoumarcado pela inclusão social, o Bolsa Família e
ofenômenodaascensãodachamadaclasseC.Jáagestãode
Dilma representa umgoverno semmarca, cuja referência,
creio, se perderá no futuro, assimcomo outros presidentes
que são apenas uma nota de rodapé nos livros de história.”
Talpercepçãoaparecena17
a
ediçãodo
BoletimBrasil
,um
levantamentotrimestraldasnotíciasereportagenssobreo
país publicadas em 15 veículos internacionais. Produzido
pela agência ImagemCorporativa, o estudo registrou uma
queda no número de matérias relacionadas ao Brasil no
primeiro trimestre de 2013. No período foram publicadas
1.069reportagens,oquerepresentaumareduçãode10,54%
em relação ao trimestre anterior. De acordo comCiro Dias
Reis, presidente da ImagemCorporativa, mais de 70% das
citações foram positivas. “Mas, analisando a cobertura
internacional deveículos, comoo jornal
Financial Times
ea
revista
TheEconomist
,notamosqueoolhardaimprensaem
relaçãoaomercadonacional jánãoé tãootimista.Ohumor
mudou.” Um exemplo disso foi o destaque que o
Financial
Times
deu ao “pibinho” de 0,6% do Brasil, emmaio.
Vice-presidentedaredeglobalPROIWorldwideemembro
do
board
da International Communications Consultancy
Organisation (ICCO),ReisafirmaqueapercepçãodoBrasil
Opaís corre o risco de perdermais
espaço nosmercados exportadores se
não entrar no jogomundial e buscar
novas parcerias internacionais
Campanha daBrahma para a Copa das Confederações
brinca como conceito ”Imaginana Copa?”