maio/junhode2013|
RevistadaESPM
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já foi melhor em termos demercado para investir no longo
prazo. “Estamos perdendo a capacidade de atrair investi-
mentos. As empresas estão mais entusiasmadas com os
resultados obtidos no México do que no Brasil. Nosso PIB
temdesapontadoos analistas de todoomundo”, informa o
executivo, que acaba de voltar do encontro anual da PROI
Worldwide, que reuniu as 80 agências de relações públicas
da rede emNova York. Neste ano, o evento estava previsto
para acontecer no Rio de Janeiro, mas... “Os preços exorbi-
tantes cobrados pelos hotéis e restaurantes da cidade-sede
daCopade2014inviabilizaramaideia”,comparaReis.“Con-
versandocomgrandes
players
mundiais,asensaçãoédeque
opaís jánãoocupamaisasegundadivisãodocampeonato,
mas ainda não temos um time preparado para disputar as
primeiras posições comosmelhores domundo.”
Na prática, o Brasil é considerado omotor da economia
latino-americana, mas seu fôlego de crescimento e suas
variáveis macroeconômicas já não apresentam o mesmo
desempenho de três anos atrás. Ainda assim, a iniciativa
privada continua batendo umbolão, coma construção de
grandes cases no exterior, como a compra da tradicional
marca de ketchup Heinz, pela Ambev. Realizado em feve-
reiro de 2013, o negócio de US$ 28 bilhões foi comandado
pelos brasileiros Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e
Carlos Alberto Sicupira, donos da 3G Capital, em parce-
ria com a Berkshire Hathaway, do bilionário americano
Warren Buffett. No livro
Sonho grande
, recém-lançado
pelaeditoraPrimeiraPessoa, a jornalistaCristianeCorrea
apresenta a trajetória desse trio que construiu a Ambev,
baseada em quatro pilares: “meritocracia, controle de
custos inclemente, trabalho duro e uma dose de pressão
que nem todos aguentam”, define a autora.
Outro exemplo é a Embraer, terceira maior fabricante
mundial de aeronaves comerciais, que desde o início do
ano conquistou três de quatro contratos bilionários no
mercadodeaviaçãocomercial americano. As vendaspara
as empresasRepublicAirways, UnitedAirlines eSkyWest
representamvaloresde tabelaquechegamaUS$5bilhões.
Recentemente, o vice-presidente executivo financeiro e
de relações com investidores da Embraer, José Antonio
de Almeida Filippo, afirmou que a meta da empresa para
2013éatingir uma receita líquidadeUS$5,9bilhões aUS$
6,4bilhões, coma entregade aproximadamente200 jatos.
Esses desempenhos são a prova de que o Brasil ainda
pode entrar emcampo para ganhar e, assim, mudar o des-
fecho do capítulo atual de sua história. Uma tentativa de
ampliaraparticipaçãodopaísnomercadointernacionalfoi
realizada emmarço, quando a presidente Dilma Rousseff
lançou o Plano Inova Empresa. A iniciativa disponibilizou
R$ 32,9 bilhões para as empresas brasileiras — dos setores
industrial, agrícolaedeserviços— investirememinovação
e tecnologia visando à atuação nomercado externo.
MasGiambiagialertaqueopaíspentacampeãonomundo
do futebol ainda tem muitos problemas fora dos campos.
“Nossa educação acumula um atraso secular e estamos
avançando, mas lentamente, em face das necessidades de
ummundocompetitivo.Nossapoupançadomésticaémuito
baixa (problema que se agravou com o consumismo dos
últimos anos). E nossa infraestrutura está em pandarecos,
em todos os setores”, detalha o economista. “Precisamos
construirasbasesparaumnovoavançodopaís.Paraanossa
classepolítica,issoimplicadeixardeseguiarporaquiloque
opovoquer.Umademocracia funcionaquandosemostram
os caminhoseopovoescolhequal seguir, apartir dadistin-
ção entre os programas. Quem formula a agenda do país é
o Executivo, que não deve prescindir disso, mas precisa ter
uma agenda boa”, observa o economista, que abre seu livro
Brasil: raízes do atraso — paternalismo versus produtividade
,
com a seguinte frase de Nelson Rodrigues: “Nada é mais
difícil e cansativo do que tentar demonstrar o óbvio”.
Voltamos a ser vistos como umpaís
complicado, onde tudodemoraparaser
resolvido e os problemas estruturais
continuam aí, como há 20 anos