maio/junhode2013|
RevistadaESPM
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C
oncomitante ao desenvolvimento econômi-
co, o Brasil tem se tornado uma voz cada vez
mais importante na busca da ampliação da
segurança energética. A combinação entre
o potencial de mercado e a posição geográfica, bem
como as fontes de energia renováveis e as descobertas
do pré-sal, podem contribuir para que o país assuma
uma posição de destaque não apenas na América do Sul,
mas também junto aos parceiros dos Brics. No entanto,
apesar de todo o potencial energético do país, o processo
não é tão simples assim, como demonstra Adilson de
Oliveira em um paper do International Institute for Sus-
tainable Development (
Energy Security in South America:
The Role of Brazil
, 2010) e em um artigo publicado no In-
ternational Journal of Energy Sector Management (
Sou-
th Cone energy integration: a look from Brazil
, 2007). Em
seus textos, o autor mostra que há entraves em relação
à política energética brasileira, capacidade de oferta e
infraestrutura, a exemplo do segmento de gás natural.
Paralelamente, observa-se uma oportunidade para me-
lhor articulação junto aos países sul-americanos.
Durante a quarta cúpula dos Brics, realizada em mar-
ço de 2012, na cidade de Nova Delhi, os russos Mikhail
Komarov, Evgeny Kozlovsky e Rudolf Makrushin argu-
mentaram que Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul
compartilham um interesse comum em matérias-primas
e exploração de recursos.
A quantidade de hidrocarbonetos produzidos e consu-
midos varia, mas os países que compõem os Brics, exce-
to a Rússia, têmumdeficit. Os recursos complementares
entre eles podem ajudar a minimizar os riscos através
do comércio mutuamente benéfico e das relações eco-
nômicas. A segurança energética ganha relevância na
agenda política e econômica dos Brics, visto que o acrô-
nimo representa aproximadamente 43% da população
global e 18% do PIB nominal mundial, segundo os dados
mais recentes do Fundo Monetário Internacional (FMI)
e do BancoMundial (BM).
Segurança energética
No livro
The quest. Energy, security, and the remaking
of modern world
(The Penguin Press HC, 2011), Daniel
Yergin afirma que o sistema de segurança energética
enfrenta dois desafios relevantes em escala global. O pri-
meiro é colocar a China, a Índia e outros mercados emer-
gentes (incluindo a América do Sul) em sintonia com o
crescimento econômico e a demanda por energia. No
início da década de 1970, os países considerados indus-
trializados respondiam por 80% do consumo mundial de
petróleo. Atualmente, eles estão reduzidos a pouco mais
de 50%, e essa participação continuará a declinar, uma
vez que a maior parte do crescimento da demanda por
petróleo e outras fontes de energia deverá ocorrer nos
países em desenvolvimento, de acordo com a Agência
Internacional de Energia (AIE).
Outro desafio diz respeito à infraestrutura para mitigar
os riscos no fornecimento energético. A AIE declara que a
segurança energética deve ser estendida para a seguran-
ça de toda a cadeia de abastecimento. Como demonstra
Oliveira em seus artigos escritos em2007 e 2010, a expan-
Na teoria, as fontes de energia renováveis e as descobertas do pré-sal podem
fazer comque o Brasil assuma uma posição de destaque no cenáriomundial.
Na prática, esse processo não é tão simples assim
Aenergiaque
moveomundo:
estratégiaegeopolítica
PorMarcelo Zorovich