maio/junhode2013|
RevistadaESPM
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no exterior e o que ganhou com a promoção do turismo
nacional cresceu 19,7%, chegando a US$ 5,637 bilhões,
ante US$ 4,712 bilhões registrados nos quatro primeiros
meses de 2012.
Edmar Bacha, um dos pais do Plano Real, afirma que
o vilão não é o enxoval importado do bebê. O problema
está nas barreiras protecionistas mantidas por impos-
tos elevados, falta de infraestrutura logística, por uma
política cambial equivocada e a ausência do Brasil nos
acordos comerciais.
O resultado dessa mistura explosiva está descrito no
livro
O futuro da indústria no Brasil — desindustrialização
em debate
(Editora Civilização Brasileira, 2013). “O auge
da indústria de transformação no Brasil se deu em 1985,
quando ela respondeu por 25% do PIB. Desde então, a im-
portância da indústria vemdeclinando paulatinamente,
até atingir 15% do PIB em2011. A participação no PIB que
a indústria perdeu, os serviços ganharam”, relata Bacha,
logo na introdução do livro que organizou com Monica
Baumgarten de Bolle. “De forma similar, a parcela dos
bensmanufaturadosnas exportações totaisdoBrasil caiu
de 55% em1985 para 36% em2011. A parcela das exporta-
ções que os bens manufaturados perderam, os produtos
primários ganharam.” O panorama retrata o processo
de desindustrialização do Brasil, estimulado por uma
política cada vez mais protecionista e pelo aumento dos
gastos dos brasileiros no exterior, que provocam a fuga
de bilhões de reais do país.
Dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI)
indicam que, de 2008 — quando teve início a crise in-
ternacional — até 2011, o Brasil perdeu US$ 5,4 bilhões
em vendas a países vizinhos, como Argentina, México,
Peru, Colômbia, Chile, Equador, Venezuela, Paraguai e
Bolívia, que optarampor comprar da China, dos Estados
Unidos e da União Europeia. Hoje, o Chile, por exemplo,
tem acordos firmados com 62 países, dois a mais que a
Colômbia. Já o Peru temaliança comercial com52merca-
dos internacionais, seguido doMéxico e seus 50 acordos.
Na lanterna do grupo, aparece o Brasil, “com apenas 22
acordos, a maioria de pouca expressão comercial, como
Israel, Egito, Palestina e a União Aduaneira do Sul da
África. Os três últimos ainda nem entraram em vigor”,
revelaoestudodivulgadopelaCNI, emabril. “Opaís corre
o riscodeperdermais espaçonosmercados exportadores
senãoentrar no jogomundial ebuscar novasparceriasno
comércio internacional”, conclui o levantamento.
Para muitos economistas, este é um dilema que co-
meça com uma pergunta de US$ 22,2 bilhões: “Como
fazer o Brasil crescer mais que 0,6% aomês?”. Combens
e serviços melhores e mais baratos, como aqueles que
atraem milhares de brasileiros para Miami. E a fórmu-
la para isso Bacha revelou durante uma entrevista ao
Programa do Jô
, da Rede Globo: “Como produzir itens
de qualidade alta e custo baixo? Integrando o Brasil na
economia internacional”.
OeconomistaFabioGiambiagi: ”Nachamada ‘etapa fácil’ do
crescimento, opaís foi aprovado. Jána ‘provadifícil’, estamos
comdificuldadesatéparaentender asquestões...”
Dados da CNI indicamque, de 2008
até 2011, o Brasil perdeu US$ 5,4
bilhões em vendas a países vizinhos,
como Argentina, México e Peru