maio/junhode2013|
RevistadaESPM
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No artigo “Energy security” — parte integrante do livro
Handbook of oil politics
, editadoporRobert E. Looney (Editora
Routledge, 2012) —, DanielMoran explica que, na década de
1990, a globalização e a interdependência dos mercados
passaram a definir outras implicações para os Estados
gerenciarem a logística transfronteiriça dentro do escopo
das relações internacionais. Na última década, a industria-
lização dos países emdesenvolvimento, alémde renovar a
demanda por petróleo e outros combustíveis fósseis, sugere
a conceituação da segurança energética para abordar não
apenas a sustentabilidade ambiental, mas principalmente
a confiabilidade dosmercados para os países exportadores
e a acessibilidade de energia para ambos, importadores e
exportadores, conforme avaliaMcGowan emseu artigo.
De acordo com Yergin, as relações atuais entre países
produtores e consumidores são mais baseadas na interde-
pendência e na cooperação. No caso específico da segu-
rança energética, essa situação aponta para a aplicação da
teoria da interdependência proposta por Robert Keohane
e Joseph Nye, em
Power and interdependence: world politics
in transition
(Editora Little, Brown, 1977). Essa abordagem
contribui para formar uma ligação entre a segurança e os
estudos de política econômica internacional.
Usando como base a teoria de Keohane e Nye, Nata-
liya Esakova diz que a interdependência é a garantia de
uma forte parceria comercial e de fornecimento estável
ao longo do tempo. No livro
European energy security.
Analysing the EU-Russia energy security regime in terms of
interdependence theory
(Springer Verlag, 2012), ela afirma
que existe uma ligação crucial entre interdependência
e cooperação, sendo a interdependência a precondição
para a cooperação quando se refere à energia. Dessa
forma, o comércio energético atravessa as fronteiras
nacionais e favorece o entrelaçamento entre os países,
implicando políticas que exigem uma coordenação em
escala nacional e internacional, incluindo empresas e
governos. Para Oliveira, esse movimento faz parte da
lacuna que o Brasil pode preencher.
O poder do gás natural
O consumo final energético do Brasil em2012 lança luz às
perspectivas para os próximos anos (
ver tabela acima
).
O que diz o governo brasileiro? Segundo a Empresa
de Pesquisa Energética (EPE), o conjunto das fontes
renováveis de energia no Brasil crescerá a uma taxa
média de aproximadamente 5% ao ano, passando de
uma participação total de 43% na matriz energética do
país para 45% em 2021. O governo ainda projeta que o
incremento da participação das fontes renováveis na
oferta interna de energia ocorrerá a despeito do forte
aumento da participação do gás natural para aproxi-
madamente 15% em 2021 (ainda abaixo dos 20% de im-
portância desse segmento na matriz energética global).
Tal desempenho está relacionado à importância da ex-
ploração e produção no pré-sal ao longo desse período.
Considerando-se as principais fontes renováveis, pro-
jeta-se aumento dos derivados da cana-de-açúcar, que
Fonte
10
3
tep* %
Gás natural
17.867
7,5
Carvãomineral e coque
12.000
5,0
Lenha
12.961
5,4
Carvão vegetal
5.733
2,4
Bagaço de cana
29.032 12,2
Eletricidade
43.011 18,1
Etanol
11.353
4,8
Biodiesel
2.339
1,0
Outros
8.309
3,5
Fontes (1)
142.605 59,9
Óleo diesel
44.435 18,7
Óleo combustível
5.211
2,2
Gasolina
22,512
9,4
GLP
8.238
3,5
Querosene
3.710
1,6
Outros derivados de petróleo
11.531
4,8
Derivados de petróleo (2)
95.637 40,1
Consumo final energético (1+2)
238.243 100
*Tonelada equivalente de petróleo
Fonte:
Adaptado do Ministério de Minas e Energia –
Plano
Decenal de Expansão de Energia 2012
Consumofinalenergétic0e
participaçãoporfontenobrasil