maio/junhode2013|
RevistadaESPM
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servoirs (MRSR). Tal perspectiva abriria uma frente de
negociação, que poderia gerar ummaior alinhamento de
preços, além de ser adotado por qualquer país participan-
te. No entanto, o resultado depende de um esforço polí-
tico entre as partes interessadas, cuja liderança poderia
ser exercida pelo Brasil. Oliveira argumenta que a agenda
de integração deve ir além das questões comerciais,
priorizando não só a diversificação de fontes energéticas,
mas sobretudo a segurança no abastecimento.
Em relação ao gás natural, caminhos são apontados
pelo livro
Policies for advancing energy efficiency and
renewable energy use in Brazil
. Nele, os autores Howard
Geller, Roberto Schaeffer, Alexandre Szklo e Mauricio
Tolmasquim discutem o uso de uma produção com-
binada de calor e sistemas de energia movidos a gás
natural. O potencial aumento da oferta dessa fonte de
energia no Brasil abre novas oportunidades para os sis-
temas de cogeração. Dada a alta eficiência de cogeração
de eletricidade e energia térmica útil, algumas políti-
cas poderiam ser implementadas para eliminar as bar-
reiras dos sistemas de cogeração baseados em gás na-
tural. Uma delas é exigir que as concessionárias e ne-
gociadores comprem excedentes de energia a partir de
sistemas de cogeração por meio de contratos de longo
prazo, desde que essas fontes de alimentação cumpram
critérios de confiabilidade. Outro ponto é fazer com
que as concessionárias e negociadores interliguem
sistemas de cogeração à rede eléctrica, sem demora
excessiva ou exigências excessivas, bem como forneci-
mento de energia de “back-up” para os proprietários de
sistemas de cogeração em termos razoáveis. Também é
necessário priorizar os projetos de cogeração visto que
as novas fontes de gás tornam-se disponíveis a consu-
midores comerciais e industriais. Entre as iniciativas
está ainda a oferta de incentivos financeiros, como em-
préstimos de longo prazo para sistemas de cogeração,
que atendam a condições como alta eficiência e baixas
emissões de poluentes. Por último, é preciso reduzir
direitos de importação sobre equipamentos de cogera-
ção, tais como turbinas a gás, mas também promover a
produção desses equipamentos no Brasil.
Tais iniciativas, combinadas com a redução do mono-
pólio da Petrobras, a revisão da política comercial e de
preço e os investimentos em infraestrutura de transporte,
favoreceriam um quadro político econômico de maior
competitividade para o Brasil. Por fim, resgatando-se
alguns dos postulados de Keohane e Nye, a relação de in-
terdependência sugere uma relação de poder, papel que o
Brasil pode exercer para expandir a segurança energética
emescala internacional. Teriamos russos algo a ensinar?
Marcelo Zorovich
Professor de Relações Internacionais da ESPM e pesquisador do
Departamento de Estudos Internacionais da Universidade de Miami
Afaltade infraestrutura,
tecnologia emãode obraqualificada
impõe umpisopara aquedados
preços nomercado interno
Categoria
R$
bilhões %
Eletricidade
269 24,5
Geração
213 19,4
Transmissão
56 5,1
Petróleo e gás natural
753 68,4
Exploração e produção de petróleo e gás natural
547 49,9
Oferta de derivados de petróleo
198 18,1
Refino
174 15,8
Infraestrutura de transporte
24 2,2
Oferta de gás natural
8 0,7
Oferta de biocombustíveis líquidos
79 7,2
Etanol - usinas de produção
71 6,5
Etanol - infraestrutura dutoviária e portuária
7 0,6
Biodiesel - usinas de produção
1 0,1
Total
1.101 100
Fonte:
Adaptado da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e do
Ministério de Minas e Energia – PDE 2021, 2012
Síntesedas estimativasde
investimentosnoBrasil
(emR$paraoperíodode2012-2021)