Revista ESPM - maio-jun - Brasil Assombrado. Que caminho seguir. - page 94

História
Revista da ESPM
|maio/junhode 2013
94
àsregras.Mooredesposavaumaespéciedeindividualismo
e eticidade radicais, temperados pela regra de ouro (fazer
aos outros o que desejamos que nos façam).
AofimdaPrimeiraGuerraMundial (1914-18), a tarefade
Keynes era ajudar o Tesouro inglês a tomar emprestados
dólaresdos americanosnos termosmais favoráveispossí-
veis, aomesmo tempoqueemprestava librasaos franceses
e a outros aliados europeus da Grã-Bretanha, nos termos
mais lucrativos, protegendo o valor da libra esterlina nas
bolsas estrangeiras. Recorrer emsituaçõesdeemergência
amoedaspoucovalorizadas, comoaspesetasespanholas,
foi outro de seus deveres, o que lhe proporcionou uma
experiência direta e prática como corretor de moedas es-
trangeiras,eoviciounojogoarriscado,porémexcitante,de
apostar navalorizaçãodeumamoedaenaquedadeoutra.
Maisparaofimdaguerra,noaugedadiscussãodofuturo
Tratado de Versalhes, ocorre entre diplomatas, políticos e
economistas toda uma discussão sobre os custos assusta-
doresquepudessemserressarcidospelaAlemanha.Énessa
partedahistóriaqueoshomenschamaramosquatrocava-
leirosdoapocalipseequehoje, umséculodepois, sentimos
suasconsequências.Keynesseviucadavezmaisenvolvido
novexatóriodebate sobreas reparações.Outras considera-
ções incumbiram a Keynes, que foi destacado para redigir
minutassobreaposiçãodospapéisdoTesouro.Quandoele
encaminhou seu relatório sobre as reparações de guerra
ao chefe do Tesouro, Austen Chamberlain, filho de Joseph
Chamberlain(homemque,comofuturoprimeiro-ministro,
foipassadoparatrásporHitler),em14dedezembrode1918,
foi como se tivesse caído uma bomba.
Uma comissão de reparações de guerra dos aliados,
chefiada pelo ex-governador de Nova York, Evans Hughes,
já havia recomendado que os alemães deveriampagar US$
40 bilhões. Isso significava quase um terço dos gastos dos
aliadosduranteaguerra.Keyneschegouàconclusãodeque
omáximoqueseconseguiriadaAlemanhaseriam3bilhões
de libras, menos do que a quantia que a Grã-Bretanha e a
FrançadeviamaosEstadosUnidos.Aoassinalarqueascifras
dacomissãodosaliadoseramodobrodaestimativadovalor
dasreservasdeouro,títulos,frotamarítima,matéria-prima,
fábricas emaquinarias daAlemanha, Keynes preveniuque
estabelecer quantias muito elevadas quanto às reparações
de guerra era algo que acabaria prejudicando os interesses
econômicos britânicos, ao aumentar o risco de que aquele
paísnãoreconhecesseadívidaenãoapagasse.Poderíamos
dizerqueaquiKeynesdescobreanecessidadedainterdepen-
dênciaeconômicaeonascimentodo
WelfareState
(OEstado
Benfeitor). O relatório provocou furor (no senso comum). A
maioria dos ingleses achava que, como a Alemanha havia
começado a guerra, ela deveria arcar comseus custos.
Enquanto jornalistas, políticos e o público em geral se
fixavam na quantia que a Alemanha deveria pagar, Key-
nes concentrou sua atenção em como a indenização seria
obtida. Ométodo proposto pela comissão Hughes privaria
aAlemanhadesuaspropriedades(colônias),decertificados
de ações e reservas de ouro, de navios e maquinarias. Em
contrapartida,Keyneserafavoráveladeixarmaisoumenos
intactaariquezadaAlemanha,fornecer-lhematéria-prima
e impor uma tributação anual sobre seus futuros ganhos
de exportação. Keynes se recusou a aceitar o fato de que
O uso ideológico do Estado para
proteger a propriedade privada,
como algo positivo da civilização
humana, não foi tão bem-sucedido
Maynard Keynes, umdos homensmais influentes da
França ao fimda Primeira Grande Guerra, descobriu
a necessidade da interdependência econômica e o
nascimento doWelfare State
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