março/abrilde2013|
RevistadaESPM
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modelos mais flexíveis. São pessoas
que trabalham em casa, ou de modo
colaborativo, em que profissionais
independentes desenvolvem projetos
em conjunto. Tanto que há o fenôme-
no do
crowdsourcing
, uma maneira de
levantar investimentos por meio da
internet para projetos com diferentes
colaboradores. Mas há também um
grande númerode novos negócios. Em
muitos casos, são empreendedores
que começam o negócio de maneira
individual, para viabilizar o projeto, e
depois isso cresce até virar empreen-
dimentosmais estruturados.
Arnaldo –
Qual é o perfil desse novo
empreendedor brasileiro?
Cassio
— Normalmente, são pessoas
com um bom nível de capacitação.
Gente que está seguindo carreira
em empresas renomadas e que abre
mão disso para empreender. São in-
divíduos com muita vontade e uma
boa dose de coragem, porque, às ve-
zes, o negócio não dá certo. Muitos
investem as próprias economias e
precisam batalhar para recuperar
esses recursos. Então, é preciso ter
fibra. É o que chamamos de brilho
nos olhos, essa vontade enorme de
fazer algo por si próprio. Isso é es-
sencial, porque as barreiras e os de-
safios são muito grandes. Claro que,
além disso, é preciso ter capacitação
e competência para se desenvolver.
Arnaldo –
Você é um exemplo de
empresário que começou muito jovem,
antes dos 20 anos. É mais fácil para o
jovem empreender hoje?
Cassio
— Na minha época, era um de-
safio enorme empreender. Não havia
nenhum tipo de incentivo para fazer
isso. Eu tive de aprender muita coisa,
sozinho. Então, levou mais tempo
para ser bem-sucedido. Hoje, hámuito
apoio, mais acesso à informação e
uma conjuntura econômica melhor.
Umdosmotivos que levamo profissio-
nal a sair para empreender é que ele se
sente mais seguro também para retor-
nar aomercado de trabalho se não der
certo. Há 15 anos, um empreendedor
jamais saberia se aquela vaga estaria
disponível outra vez. Esse cenário não
dá mais tranquilidade, mas sem dúvi-
da gera um pouco mais de segurança.
Agora, você não deve ter dúvidas
sobre o que quer fazer. Não deve ser
uma coisa por impulso, simplesmen-
te. Eu estava em uma apresentação
e uma pessoa me perguntou: “Estou
na dúvida se eu deixo meu emprego”.
Eu respondi: “Então, fique onde está”.
Se você não tem certeza, no primeiro
revés irá se arrepender.
Arnaldo –
E sobre aquele discurso de
quem vai ficar mais um tempo no tra-
balho e dali a dois anos vai empreender,
isso funciona?
Cassio –
É difícil julgar. Se há um
objetivo claro, se a pessoa vai econo-
mizar para empreender, existe uma
meta. É positivo. Mas, se a pessoa
quer ver como fica, é porque está com
dúvida e, provavelmente, esses dois
anos vão virar mais dois e ela nunca
sairá. É melhor ficar mesmo, se não
há convicção. Porque o custo é alto e o
risco, idem. Hoje, há umcerto glamour
em empreender. Mas, se você quer ter
seunegócio, precisa ter consciênciade
que irá carregar caixa e virar madru-
gadas. Então, irá trabalhar muitomais
do que trabalhava anteriormente, por
mais que o seu emprego atual lhe ab-
sorva muito. Se você, realmente, quer
montar umnegócio grande, vai ser um
trabalho duro. E é uma coisa sem fim.
Há a ilusão de que quando o projeto
se tornar uma grande empresa, com
Oque temos hoje émuitomais o empreendedor
de oportunidade. Aquele sujeito que temum
projeto, umsonho, e entende que agora há
condições para colocá-lo emprática
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