março/abrilde2013|
RevistadaESPM
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latinstock
H
á exatos dez anos, eu entrava na ESPM
como graduando no curso de administra-
ção. Vivíamos um Brasil em pleno curso
de mudança
–
de uma economia fechada,
commarcosmacroeconômicosfrágeisparaumaeconomia
demercado, ainda emprocessode consolidação,mas com
inflaçãodomada emarcos econômicos respeitados. Como
parâmetro tambéméramos líderesdo rankingdaFifa, com
a seleção recém-vencedora de sua quinta Copa doMundo.
Se hoje não temos mais um escrete futebolístico de
tal destaque, nunca tivemos um momento econômico
como o atual. Mesmo com um crescimento tímido, que
não atingiu 1% do PIB em 2012, o índice médio do Brasil,
na última década, foi de 4%, acima damaioria dos países
desenvolvidos. Tal crescimento, associado às famílias
de baixa renda entrando nos mercados de trabalho e
consumidor, transformou o país numa das economias
mais dinâmicas, robustas enotórias doplaneta. Oeterno
“país do futuro” virou um dos mais atrativos ambientes
para fazer negócios. Como consequência, muitos em-
preendimentos começaram a nascer, triunfar e ter sua
trajetória reportada em tons heroicos na mídia. É como
se a atividade empreendedora fosse uma novidade para
o brasileiro médio, acostumado a buscar apoio nas ati-
vidades governamentais ou passar a vida toda atrás de
ascensão na escala hierárquica da iniciativa privada.
Na prática, a verdade é um pouco diferente. A base de
novos negócios dentro da população aumentou. Uma pes-
quisarecentefeitapeloServiçoBrasileirodeApoioàsMicro
e Pequenas Empresas (Sebrae) mostra que uma em cada
seis pessoas no país possui negócio próprio, orientadas
em boa parte (66%) por alguma oportunidade de negócio
presenteenãomaispelasimplessobrevivência
–
atividade
quevíamosprincipalmenteentrepessoasdebaixograude
empregabilidade (
ver tabela na página seguinte
).
Os jovens estãoentreosdestaquesdessesnovos entran-
tes nomercado nacional. Mais dametade dos empreende-
dores brasileiros (52%) tem entre 18 e 34 anos. Lembro-me
de quando entrei na ESPM, em 2003, ao ver a classe ques-
tionada sobre seus objetivos profissionais, a opinião era
unânime: todos queriam um cargo de alta gerência numa
multinacional de bens de consumo
–
seja ela de origem
brasileiraouestrangeira.Haviaummodelomental vigente
deconstruirumacarreiracorporativadesucesso,conseguir
Dezanosdepoisdeconquistar suaquintaCopadoMundo,
oeterno”paísdo futuro” virouumdosmaisatrativos
ambientespara fazer negócios