entrevista | Carlos Alberto dos Santos
Revista da ESPM
|março/abril de 2013
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Francisco Gracioso –
De acordo com
a pesquisa Global EntrepreneurshipMo-
nitor (GEM, 2012), realizada pelo Sebrae
em parceria com o Instituto Brasileiro
da Qualidade e Produtividade (IBQP), o
perfil do empreendedor mudou. Atual-
mente, 43,5% dos brasileiros sonham em
ter o próprio negócio, ante os 25% que al-
mejam seguir carreira como empregado.
Qualquer umpode empreender?
Carlos Alberto dos Santos –
O
desenvolvimento das competências
de um empreendedor tem estreita
relação com o grau de comprometi-
mento com seu negócio. Algumas
características comportamentais
podem contribuir para o desenvol-
vimento de determinadas compe-
tências, mas é a determinação e a
disciplina que vão consolidá-las. Se
somente a vocação fosse caracterís-
tica determinante, não haveria ne-
cessidade de constante planejamen-
to e busca de conhecimento sobre o
negócio. Logo, o bom empreendedor
deve estar em contato permanente
com novas habilidades e aprimorar
aquelas já conhecidas. O que torna
alguém um empreendedor é a ca-
pacidade de usar a necessidade, a
vocação e as oportunidades a favor
do negócio. Ter espírito criativo e
pesquisador também é fundamen-
tal, assim como o planejamento é
imprescindível para o sucesso do
negócio. A essência do empresário
deve ser a busca de novos negócios
e oportunidades, além da preocupa-
ção com as necessidades dos clien-
tes e a melhoria dos produtos .
Anna Gabriela Araujo –
Hoje, quase
70% dos empreendedores abrem um ne-
gócio por oportunidade. Quais as quali-
dades que o profissional precisa apresen-
tar para ter êxito no empreendimento?
Santos –
Podemos citar algumas
importantes características de em-
presários que conseguem bons re-
sultados em seus empreendimen-
tos, como a capacidade de assumir
riscos, o senso de oportunidade e o
perfil de liderança. Cabe também,
ao empreendedor, ter desenvoltura,
flexibilidade, persistência e organi-
zação na forma de trabalhar. É im-
portante conhecer bem o negócio e
manter-se atualizado sobre os temas
de interesse da empresa. Também é
preciso citar a importância da dedi-
cação à atividade empresarial e sua
abertura para inovar, cultivar novas
ideias e transformá-las em algo con-
creto, que são fundamentais.
Anna Gabriela –
O Brasil coleciona
muitas histórias de pessoas com baixa
escolaridade, que montaram grandes
empreendimentos, como é o caso do fun-
dador da Casas Bahia, Samuel Klein,
que estudou até o quarto ano primário.
Hoje, qual é a relação existente entre o
nível de escolaridade do empreendedor e
a longevidade do negócio?
Santos –
A educação formal pode
contribuir para o sucesso dos ne-
gócios por ampliar a criatividade
e a capacidade dos empreendedo-
res de aproveitar oportunidades e
gerar conhecimentos de modo a
transformá-los em bens sociais.
Empreender significamodificar a rea-
lidade para oferecer valores positivos
à coletividade. Quanto maior o grau
de escolaridade de um povo, maior
o nível de emprego e renda, e maior
a possibilidade de empreender por
oportunidade.
Gracioso –
Dos 27 milhões de empre-
endedores brasileiros, 15 milhões estão
emnovos negócios que vão de três meses
a 3,5 anos, segundo a pesquisa MPE
Indicadores
–
Pequenos Negócios no
Brasil. Esses novos empreendimentos
estão focados em quais áreas?
Santos –
No grupo dos empreendedo-
res iniciais, os segmentos com maior
predominância de novos negócios
são aqueles voltados para o mercado
Nova campanha criada pela Lew’Lara/TBWA para posicionar o Sebrae como o
especialista que contribui para o crescimento dasmicro e pequenas empresas