Mercado de trabalho
Revista da ESPM
|março/abril de 2013
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virarumtraineeapósaformatura,assumiragerênciaanos
depois e chefiar odepartamentodemarketing como ápice.
Masarealidadedopaíseraoutra.Equementrounafacul-
dadeem2003deveselembrardequeoambientedenegócios
no Brasil não era fácil, muito menos atraente, em relação
aos Estados Unidos, em retomada de crescimento, depois
do 11 de setembro, uma Europa símbolo de solidez e os ti-
gresdaÁsia comumapetite vorazde consumo. Pois bem, a
estabilidadeveio,osoutroraatraentespaísesdesenvolvidos
estagnaram,aÁsiaapresentouumacertainconsistênciae,
voilá!
Estamos falando de um dos países que mais capital
para investimentos recebeu nos últimos dez anos.
Só esses fatores seriam suficientes para atrair a aten-
ção do jovem, cada vez mais antenado e com repertório.
Hoje, o contingente de quase sete milhões de universi-
tários no país é mais que o dobro de 2003, quando eu e
mais três milhões de almas buscávamos construir uma
carreira brilhante fundamentada numdiploma de gradu-
ação. Melhor emaior educação significamais critério na
escolha, planejamento e execuçãode projetos, bemcomo
controle, pontos que são refletidos na queda do índice de
mortalidade das empresas no mesmo período.
Ideias que valem ouro!
“A vida imita a arte muito mais que a arte imita a vida.”
Quando Oscar Wilde disse esta famosa frase, ele tinha
razão.Aexplosãodoempreendedorismonopaís temcomo
energia de ativação a exibição do filme
A rede social
, em
setembrode2010. DirigidaporDavidFincher, a trama traz
à tonaumaversãosobrea trajetóriameteóricadoFacebook
eoperfil dos seus fundadores,MarkZuckerbergeEduardo
Saverin, nomomentoemque amídia social chega aopaís.
Soma-seissoanotícias,comoosaportesdeLucianoHuck
no site de compras coletivas Peixe Urbano e de Angélica
na loja virtual Baby.com.br, a venda de 91% do Buscapé ao
gruposul-africanoNaspersealgumasdificuldadesenfren-
tadas por grandes empresas (aquelas nas quais queríamos
trabalhar,loucamente,anosantes),quelutamparaatender
ao senso de reconhecimento e urgência ocasionado pela
ascensãodachamadageraçãoY.Nestecenário,oempreen-
dedorismosurgecomoopçãorealdeconstruçãodecarreira
e riqueza para a turma que tementre 20 e 30 anos e pode se
dar o luxo de arriscar mais que seus pais ou mesmo seus
primos na faixa de 30 a 40 anos, que já têmuma carreira e,
possivelmente, família constituída.
Entre 2010 e 2011, bem na época de lançamento do
filme sobreoFacebook, alguns dosmais famosos eventos
de startups começarama ser realizados nopaís. Também
notamos a criação de fundos nacionais de investimento
e a chegada de outros estrangeiros. Como resultante de
todo esse processo, o ecossistema empreendedor jovem
brasileiro entra em fase de formação e muito orientado
a negócios digitais
–
meio que os jovens dominammais
do que as demais faixas etárias da população.
Eu tambémoptei por surfar essa onda e, emdezembro
de 2010, fui empreender. Sim, o filme de David Fincher
me influenciou. Não encontrei no mercado de trabalho
um emprego que preenchesse minha carga de desafios.
“Os alunos de Harvard acham o mercado de trabalho
tão chato que criam seus próprios empregos.” A frase do
economista Larry Summers me inspirou a seguir uma
carreira solo, que foi impulsionada por uminsight dopro-
fessor Gil Giardelli: “Você está vivendo os dez anos mais
produtivos de sua vida gerando riqueza para terceiros”.
Com a decisão tomada, refleti: “Será que estou pre-
parado para tocar uma empresa, que é algo muito mais
complexo e desafiador que ser um especialista numa
seara do conhecimento corporativo? É, realmente, não
estava. Mas vi que esse não era um problema isolado,
Ano
Sobrevivência Oportunidade
2001
70%
30%
2011
34%
66%
Fonte:
: Sebrae/
Exame
(2011)
Proporçãodenovas
empresas criadasnoBrasil
De acordo coma demanda demercado
Entre 2010 e 2011, na épocado
lançamentodofilme sobre oFacebook,
alguns dosmais famosos eventos de
startups foramrealizados nopaís