Revista ESPM - março-abril - Empreendedorismo. O grande sonho brasileiro. - page 136

entrevista | Carlos Alberto dos Santos
Revista da ESPM
|março/abril de 2013
136
Gracioso –
O Brasil vive o fenômeno
das startups, que incentiva jovens entre
17 e 22 anos a montar uma empresa
mesmo antes de concluir a universida-
de. É lícito estimular esses jovens a se
lançarem na aventura de empreender,
mesmo sabendo que eles terão mais
chances de fracasso do que se traba-
lhassem por cinco anos em determi-
nado setor para só depois tentar uma
carreira solo?
Santos –
Por definição, startup é a
iniciativa de um grupo de pessoas à
procura de um modelo de negócios
repetível e escalável, trabalhando em
condições de extrema incerteza. Ser
repetível significa ser capaz de entre-
gar o mesmo produto novamente em
escala potencialmente ilimitada, sem
muitas customizações ou adaptações
para cada cliente. Ser escalável signi-
fica crescer cada vez mais, sem que
isso influencienomodelodenegócios,
com aumento de receita e sem que os
custos cresçamnamesma velocidade.
Um cenário de incerteza significa que
não há como afirmar se aquela ideia
e projeto de empresa vão realmente
dar certo
ou ao menos provar que
são sustentáveis. Independentemente
da faixa etária do candidato que se
apresenta como futuro empreendedor
de uma startup, o importante é que
tenha real entendimento a respeito do
conceito do negócio.
Gracioso –
Quando um empreende-
dor se transforma em um administra-
dor, e quais são as principais qualida-
des que ele deve cultivar?
Santos –
É importante adquirir e
desenvolver a capacidade de liderar,
identificar prioridades e oportuni-
dades, operacionalizar ideias, correr
riscos com responsabilidade, delegar
funções e trabalhar em equipe. Co-
municar-se bem, verbalmente, e por
escrito também, faz diferença, assim
como ser criativo, manter bom rela-
cionamento interpessoal, estabelecer
e consolidar relações, além de domi-
nar métodos de trabalho e adaptar-se
às normas e procedimentos.
Anna Gabriela –
Pesquisas do Se-
brae mostram que em dez anos o índice
de empreendedorismo no Brasil cres-
ceu 44%, atingindo 30,2% da popula-
ção adulta, entre 18 e 64 anos. Como
o senhor avalia essa evolução da nossa
atividade empreendedora em relação
aos demais países?
Santos –
O Brasil vive uma fase de
estabilidade econômica, com expan-
são do mercado interno. O brasileiro
está mais escolarizado e encontra
facilidades na legislação para investir
em um negócio, podendo, assim,
tornar-se o próprio patrão. Tais fatores
favorecem e estimulam o sonho de
empreendedorismo. Hoje, sete em
cada dez empresas são criadas a partir
da identificação de uma oportunidade
de mercado e não mais por uma ne-
cessidade financeira. Essa motivação
aumenta as chances de uma empresa
que tenha gestão mais sólida e com-
petitiva e, consequentemente, com
mais chances de sobrevivência. Em
2000, metade das empresas brasilei-
ras fechava as portas depois de dois
Para se tornar umempreendedor de sucesso,
é preciso reunir imaginação, determinação,
habilidade de organizar, de liderar pessoas e
de conhecer, tecnicamente, etapas e processos
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