março/abrilde2013|
RevistadaESPM
137
anos de existência. Hoje, mais de 73%
sobrevivem. Na comparação com ou-
tros países, o empreendedorismo no
Brasil perde apenas para a Nigéria, Es-
tados Unidos e China, o que comprova
a tendência e vocação da população
brasileira para empreender.
Gracioso –
Toda empresa tem sempre
funcionários que praticam o intraempre-
endedorismo. São profissionais que têm
uma série de ideias e iniciativas, tomam
decisões arrojadas e se comportam como
se fossem os donos da empresa, mas pre-
ferem ter a carteira de trabalho assinada
do que investir no próprio negócio. Eles
são mais ou menos importantes do que
os empreendedores propriamente ditos
para o nosso país?
Santos –
Os intraempreendedores
são tão importantes quanto os empre-
endedores, devido à necessidade das
empresas de contar com profissionais
diferenciados para obter vantagem
competitiva no mercado. Cada vez
mais, as corporações buscam pes-
soas capacitadas, com habilidades e
competências empreendedoras, para
criar, inovar e gerar valor aos seus ne-
gócios e projetos corporativos.
Anna Gabriela –
De acordo com o
presidente-executivo do IBPT, João
Eloi Olenike, pela primeira vez, desde
1970, o agronegócio superou a indús-
tria na criação de novos negócios (o
setor fechou 2012 com 36.337 empre-
endimentos recém-criados, enquanto
a indústria registrou 36.013 novas
empresas). “A diminuição de novos em-
preendimentos no setor industrial nos
últimos anos é sinal claro de que o pro-
cesso de desindustrialização do Brasil
está acontecendo”, observa Olenike. O
senhor concorda?
Santos –
A desindustrialização pres-
supõe a perda de participação da
indústria na produção total e no
emprego do país. Não há unanimida-
de entre economistas a respeito da
ocorrência desse processo no Brasil,
apesar de o debate acontecer há anos.
Para os proprietários de pequenos
empreendimentos no setor da in-
dústria, vale ressaltar a importância
de investirem em gestão e inovação
visando melhorar os processos pro-
dutivos e serem cada vez mais com-
petitivos e aptos a enfrentar qualquer
desafio nomercado.
Gracioso –
O Sebrae tem se destacado
na criação de cooperativas de pequenos
empreendedores. Qual é o objetivo desse
trabalho?
Santos –
O Sebrae acredita que,
pela cooperação, pode-se criar um
diferencial competitivo para os pe-
quenos negócios no país, por meio
da contribuição à perenidade e ao
crescimento de seus respectivos
negócios, bem como para o desen-
volvimento socioeconômico dos
territórios. Atuamos por meio da co-
operação para o fortalecimento dos
pequenos negócios urbanos e rurais.
São várias ações envolvendo mobili-
zações, capacitações, consultorias,
apoios institucionais e articulações
de políticas públicas, visando à evo-
lução do ambiente de negócios no
Brasil, com menos individualismo e
mais cooperação.
Anna Gabriela –
Pesquisa recente
feita pelo Sebrae, em parceria com
o Dieese, aponta que as pequenas
empresas
–
com faturamento anual de
até R$ 3,6 milhões
–
responderam por
52% da mão de obra contratada no
Brasil, de 2000 a 2011. A pesquisa
indica também uma queda na par-
ticipação dos pequenos negócios no
total de postos de trabalho criados
–
de
55,4% em 2001 para 51,6% em 2011.
Como o senhor avalia esse levanta-
mento?
Santos –
Se considerados só os
empregos com carteira assinada,
entre dezembro de 2000 e de 2011,
foram criados sete milhões de em-
pregos nos pequenos negócios,
com uma participação média de
53% no total de empregos. Embora
as menores proporções tenham
sido registradas em 2010 e 2011
(51,6%), não se pode dizer que há
uma tendência de queda da par-
ticipação. Assim, a informação
relevante é a de que os pequenos
negócios respondem por mais da
metade dos empregos forma is.
Isso ocorreu em todos os anos da
pesquisa. Por outro lado, a parti-
cipação dos pequenos negócios
na geração de postos de trabalho
precisa ser analisada sob um ponto
de vista mais abrangente, porque
geram postos de trabalho para os
15,6 milhões de empregados com
carteira e para os próprios donos
desses negócios.
Hoje, sete em cada dez empresas são
criadas a partir da identificação de uma
oportunidade de mercado e não mais
por uma necessidade financeira