março/abrilde2013|
RevistadaESPM
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e comprometido do empreendedor social. Todos esses
“alterempresários” possuem uma ética pessoal forte e
creem, fundamentalmente, na capacidade que cada ser
humano tem de se tornar um adicionador da mudança
positiva. E, sobretudo, sentemuma alegria semmedidas
de poder alinhar suas ações cotidianas com seu sistema
de valores. Eles possuem o grande mérito de explorar
as vias de soluções alternativas, combinando criação
de riquezas e humanismo, emprego e responsabilidade
ecológica. Não contentes em sonhar com um mundo
melhor, eles participam, ativamente, da sua construção.
Uma das 80 pessoas entrevistadas para o livro de Dar-
nil e Le Roux foi a empreendedora Sulo Shrestha Shah.
Ela fundou a empresa de tapetes FormationCarpets, que
é baseada no comprometimento social e no desenvolvi-
mento local. O negócio começou com seis empregados
e, atualmente, conta commais de 160 profissionais mu-
lheres, que pertencem às classes mais baixas do Nepal.
Como o sistema público de ensino não possuía vagas
para as crianças das empregadas de Sulo, ela criou uma
escola anexa à fábrica. Mas sabia que, parafinanciar essa
medida, seria preciso aumentar o preço dos tapetes e ex-
plicar aos clientes que esse era um valor justo a ser pago
e abaixo do qual era impossível trabalhar decentemente.
Para informar aos clientes essa nova atitude, ela inven-
tou a primeira etiqueta ética dos ateliês de confecção de
tapetes. Também criou uma ONG para tirar as duas mil
crianças dos bancos de fiação do setor no Nepal para
os bancos das escolas. Em 1997, metade das mãos que
confeccionavam tapetes no Nepal era de crianças com
menos de 14 anos, número que caiu para menos de 5%
após a criação da ONG de Sulo. A ONU reconheceu a
iniciativa comoumexemplode emancipação sustentável
das mulheres pelo trabalho.
Ovencedor doPrêmioNobel daPazMuhammadYunus
consideraria a Formation Carpets uma empresa social.
No livro
Ummundo sempobreza: a empresa social e o futuro
do capitalismo
(Ática, 2008), ele
–
que foi o fundador do
bancoGrameeneumdosprincipais criadoresdoconceito
denegócio social
–
classifica as empresas sociais emduas
categorias. A primeira é o grupo de empresas cujo foco
é proporcionar um benefício social, em vez da maximi-
zação dos lucros para os proprietários. Tais empresas
pertencema investidores que buscambenefícios sociais
como redução da pobreza, assistência médica para os
pobres, justiça social, sustentabilidade global etc. São
investidores que estão em busca de satisfação psicológi-
ca, emocional e espiritual, emvez de recompensas finan-
ceiras. Já a segunda categoria de empresa social descrita
por Yunus funciona de modo bem diferente, pois visa à
Em1976, oempreendedor social GeraldoTollensLinck
criouaFundaçãoProjetoPescar. Emtrêsdécadasemeia,
20mil jovens foramformados comaajudade3.630
voluntárioseadoaçãodeR$2,2milhõespor ano
No século 22, teremos dez bilhões de pessoas consumindo e tentando
sobreviver emummundo comrecursos cada vezmais escassos.
As empresas, pormeio de ações de responsabilidade socioambiental e
sustentabilidade, estão buscando formas paraminimizar esses impactos
divulgação