Revista ESPM - março-abril - Empreendedorismo. O grande sonho brasileiro. - page 78

Estratégia
Revista da ESPM
|março/abril de 2013
78
O
sdesafiosimpostospelaintensaconcorrência,
existente nos mercados atualmente, obriga
as empresas a criar novas configurações
em sua cadeia de valor e a reconhecer que
o crescimento do negócio está diretamente relacionado
ao desenvolvimento da sociedade. Assim, em economias
emergentes, o progresso social passa a ser uma oportuni-
dade para a expansãodas empresas e a geraçãode valor em
novas frentes, antes inacessíveis. Diante desse panorama,
convidamos você, leitor, a pensar a respeito de duas ques-
tões: se é possível ummodelo de negócios que erradique a
pobreza e concomitantemente eleve o lucro empresarial?;
e como incluir, por meio do empreendedorismo na base da
pirâmide,milhõesdepessoasepotenciais trabalhadoresao
sistema produtivo e consumidor?
A resposta está na origem da palavra empreendedo-
rismo, que vemdo verbo francês
entreprendre
, e significa
fazer algo, comoBill K. Bolton e JohnThompsondemons-
tramno livro
Entrepreneurs: talent, temperament, technique
(
Empreendedores: talento, temperamento e técnica
, Editora
Butterworth Heinemann, 2000). Ao buscarmos uma de-
finição de empreendedorismo, é inevitável mencionar,
também, o economista austríaco Joseph Schumpeter,
autor de
Capitalism, socialism, and democracy
(
Capitalismo,
socialismo e democracia
, Editora Harper and Row, 1950).
Na obra
The theory of economic development
(Editora
University Press, 1982), Schumpeter associa a ideia de
empreendedorismo ao conceito de inovação, entendida
como a introdução de novos produtos e serviços, arranjos
organizacionais, processos, insumos e matérias-primas.
Dessa forma, para o economista austríaco, um empreen-
dedor é umapessoa quedeseja e é capaz de converter uma
ideia ou invenção em uma inovação bem-sucedida. Com
base nessa definição, sua principal tarefa seria a “des-
truição criativa”. Tanto na nova empresa, quanto emuma
empresa já estabelecida, o empreendedorismomostra-se
necessário, como uma função que permite a criação de
novos modelos de negócios.
Em geral, a maior parte dos estudos aborda o empreen-
dedor como alguémque, alémde estar disposto a assumir
riscos, para ser bem-sucedido, precisa ter a capacidade de
introduzircomsucessonovosprodutos,serviçosemodelos
organizacionais. Issosemostradesafiadormesmoquando
o empreendedor é capacitado e possui recursos, como in-
sumos e matérias-primas, para executar o seu negócio. A
questãoficaaindamaiscomplexaquandosetratadealguém
com pouco recurso, mesmo de capital intelectual, para a
gestãodoseunegócio.Masquais sãoasoportunidadesem-
presariaisocultasnochamadopúblicodabasedapirâmide
que empreende por necessidade ou vocação?
Muito se discute sobre a riqueza da base da pirâ-
mide (BP) como fonte de expansão dos negócios das
empresas do setor privado. O conceito foi abordado por
C.K. Prahalad, na obra
A riqueza na base da pirâmide
(Editora Bookman, 2010), que chama a atenção para os
quatro bilhões de pobres que são mal atendidos pelas
organizações do setor privado.
Oengajamento ativo comosmercados
dabase dapirâmide requer umanova e
inovadora abordagemde negócios. Não
basta apenasmodernizar omodelo atual
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