Revista ESPM - março-abril - Empreendedorismo. O grande sonho brasileiro. - page 86

Empreendedorismo Social
Revista da ESPM
|março/abril de 2013
86
maximização dos lucros e pertence a pessoas pobres ou
desprovidas de recursos. Nesse caso, o benefício social
consisteno fatodeque todososdividendos eocrescimen-
to do capital social produzido pela empresa servempara
beneficiar os pobres, ajudando-lhes a reduzir a pobreza
ou até mesmo a sair dela completamente.
Para Yunus, a diferença é que no primeiro grupo o
beneficio social é criado pela natureza dos produtos, ser-
viços ou sistemas operacionais da empresa. Esse tipo de
empreendimentopoderia, por exemplo, fornecer alimen-
to, moradia, assistênciamédica, educação e outros bens
importantes para ajudar os pobres procurando, sempre,
alternativas para combater as mazelas sociais, reduzir
injustiças sociais ou resolver questões ambientais. Por
outro lado, no segundo modelo apresentado, os bens ou
serviços produzidos podem ou não criar um benefício
social. Na realidade, o benefício social oferecido por esse
tipo de empresa emana de sua propriedade. Yunus faz
essa afirmação, bem fundamentado. Ele foi o criador da
primeira instituição financeira especializada emcoope-
rativa de crédito, que em 2011 chegou a 2.912 escritórios
com 22.128 funcionários em vários países. O resultado
operacional desse empreendimento cobre as despesas
administrativas, e o lucro líquido é redistribuído entre os
tomadores de forma proporcional, política seguida pelo
Grameen, desde a sua criação em1983, em todas as suas
filiais nomundo. Para explicar melhor esse conceito, ele
classifica a empresa social como umsubconjunto do em-
preendedorismo social. Ecompletaque todos aqueles que
criam e dirigem empresas sociais são empreendedores
sociais, mas nemtodos os empreendedores sociais estão
comprometidos com as empresas sociais.
Versão brasileira
NoBrasil, alguns empreendedores sociais tiveramdesta-
que por meio do Prêmio Empreendedores Sociais, que é
promovido pelo jornal
Folha de S.Paulo
, emparceria com
a Fundação Schwab, desde 2005. Ações desse tipo são
fundamentaisparaqueoconceitosejadivulgadonopaíse
novas tecnologias sejamapresentadas ao grande público.
Umdos empreendedores sociaispremiados foi Roberto
Kikawa, que, em 2010, venceu a premiação com o Projeto
Cies (Centro de Integração de Educação e Saúde), umcen-
tromédicomóvel que, pormeiodeummétodo inovadorde
gestão compartilhada de saúde, acaba envolvendo e mo-
bilizando os diversos atores sociais (empresas, governo,
sociedadecivil ecomunidade). Tudo issoacontececomum
modelo de operação baseado na tabela do Sistema Único
de Saúde (SUS) do governo federal. Desde sua criação, em
2008, até o ano em que foi premiado, o projeto já havia
beneficiado 24 mil pessoas, atingido 15 cidades em três
Estados do Brasil. Com esse empreendimento social, o
doutor Kikawa conseguiu cumprir a promessa que fez ao
pai, em1988, quandocursavao segundoanoda faculdade
demedicina, naUniversidadeEstadual deLondrina (UEL),
no Paraná: tornar o atendimento médico mais humano.
Entre os premiados tambémestão a educadoraCybele
Oliveira e seu InstitutoChapada de Educação e Pesquisa,
o Icep, que foi fundado em2006, naChapadaDiamantina
(Bahia). Na presidência do instituto, Cybele atua como
articuladora do projeto e consegue engajarmúltiplos ato-
res emprol da educação rural, buscando fontes variadas
de sustentabilidade financeira e influência em políticas
públicas. O objetivo do Icep é contribuir para a melhoria
da qualidade da educação por meio do apoio à formação
continuada de educadores e gestores educacionais, bem
como a criação e mobilização de redes colaborativas.
Criado pelo doutor Roberto Kikawa, o centro médico
móvel do Cies roda pelas estradas brasileiras,
promovendo atendimento e realizando exames
com a ajuda de doações de empresas
divulgação
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