março/abrilde2013|
RevistadaESPM
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Cresce onúmerode empreendedores sociais noBrasil enomundo. Atuandonosmais
diversos setores da economia, essepúblico é compostopor empresários que, aopraticar o
bem, acabamse realizando tantona vidaprofissional quantono ladopessoal
“
S
ederesumpeixeaumhomemfaminto, vais
alimentá-lo por um dia. Se o ensinares a
pescar, vai alimentá-lopor todaavida.”Can-
sado de escutar este provérbio do filósofo
chinês Lao Tse, o gaúchoGeraldo Tollens Linck resolveu
arregaçar as mangas e colocar em prática o seu espírito
empreendedor. Em 1976, o proprietário da Linck, uma
revendedora de máquinas e equipamentos rodoviários,
criou a Fundação Projeto Pescar. E sua vida mudou.
Entre os anos de 1980 e 1990, Roberto Kikawa foi
chamado pelo pai, vitimado de um câncer, para uma
conversa: “Quero que você prometa que será médico,
ummédicoamoroso, que tratebemodoente”. Na época,
Kikawa estudava medicina em Londrina (PR). Ao longo
de sua carreira de sucessopensava que,mais doque um
“empreendedor médico”, comsuas clínicas, ele poderia
desenvolver algo ainda maior.
Em2006, o PrêmioNobel da Paz é dado aMuhammad
Yunus,emOslo,naNoruega,porseusesforçosemampliar
o desenvolvimento social e econômico para a base da
pirâmide de Bangladesh, por meio do banco Grameen.
NoBrasil, a educadoraCybeleOliveira sagrou-sevence-
dora do PrêmioEmpreendedor Social, em 2012, comum
projetoeducacionalquenasceunaChapadaDiamantina.
Mas, afinal, o que todas essas pessoas têm em co-
mum além do espírito empreendedor à flor da pele e
competências claras de liderança?A resposta quemais
se aproxima da verdade são o interesse, o sonho e o
desejo de dedicar a vida a uma causa justa.
O empreendedor social émovido por altruísmo. Seu
maior desejo é conseguir, em alta escala, promover
benefícios que transforme uma parcela da população
ou todo um país. Assim, o objetivo maior não é o lucro
baseado nos resultados financeiros
–
característica do
empreendedorismo empresarial
–
,mas o ganho social,
a transformação do indivíduo e, como consequência, a
melhoria da sociedade na qual ele está inserido.
Os desafios sociais, ambientais e culturais são imen-
sos e cada vez mais impactantes no modo de vida dos
sereshumanos.Hoje, somossetebilhões. Logo, oplaneta
terá nove bilhões de habitantes, como prevê Robert En-
gelman. No livro
State of the world 2012
:
moving toward
sustainable prosperity
(
A situação do mundo 2012: avan-
çando para uma prosperidade sustentável,
Island Press,
2012), o presidente do TheWorldwatch Institute propõe
noveestratégiaspara frear, demodoefetivo, aexpansão
demográfica.Mesmo coma adoçãodessasmedidas, em
algummomento do século 22 chegaremos perto de dez
bilhões de pessoas consumindo e tentando sobreviver
às questões básicas de alimentação, saúde, moradia,
higiene, entre outras. As empresas, por meio de ações
de responsabilidade socioambiental e sustentabilidade,
estãobuscando formasparaminimizar esses impactos.
A boa notícia é que existe abundância de causas no-
bres no mundo, como afirma Rupert Scofield, no livro
The social entrepreneur’s handbook: how to start, build,
and run a business that improves the world
(
O manual do
empreendedor social: como começar, construir e executar
Caminhos
alternativos
Por Ismael Rocha eMarcus Hyonai Nakagawa