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stas considerações têm como mote artigo publicado

na revista Meio e Mensagem, assinado por Claudio

Pen t eado, que reporta en t r ev i s ta com Doc

Comparato.

Para localizar o eventual leitor, transcrevo a

parte sobre a qual serão tecidos alguns comentários:

"De acordo com ele (Doc Comparato), um

roteiro é composto por

pathos

- drama/tragédia/

comédia: a quebra da normalidade -

logos -

conhecimento: o discurso - e

ethos -

ética, moral: o

que se quer dizer com aquilo, a razão pela qual se

escreve. Na estrutura dos roteiros de publicidade,

Comparato percebe, em geral, uma falta de

ethos.

Basicamente, por causa da velocidade com que os

roteiros publicitários têm de ser criados. 'É preciso

fazer de tudo para vender e não para mergulhar na

alma humana.' Resumindo: a publicidade pode

emocionar, mas não analisa a emoção. Garante ainda:

'A tendência dos criativos é reciclar coisas já feitas

e se repetir'."

Na passagem acima, admitindo ter sido o

repórter fiel ao pensamento do entrevistado, este

lança duas sérias críticas aos publicitários e,

particularmente, aos criativos. A primeira delas,

pelo que se depreende, é a de ausência de ética, na

medida em que liga, 'ethos' à ética. O que importaria

seria vender, não importando os meios. A segunda,

mais ferina em relação ao ego criativo, é a de falta

de originalidade, uma vez que "a tendência do

criativo" seria "reciclar coisas já feitas e se repetir".

Comodina Jack, o Estripador, vamos por partes.

Efetivamente, há peças publicitárias que são

escritas e produzidas de afogadilho. Há agências e

agências. Há criadores e criadores. Por isso mesmo,

como sempre, as generalizações são perigosas. Mas

atribuir-se à "velocidade com que os roteiros

publicitários têm de ser criados" qualquer nexo

causal com o resultado final é um tanto ou quanto

temerário.

Seria o mesmo que negar a uma música de

Mozart validade estética, em qualquer sentido, por

ter sido composta em minutos...e divinizar Salieri.

Além do mais, há campanhas, e todos

sabemos, que só são veiculadas após exaustivos testes

e pré-testes, com idas e vindas ao Cliente, às

discussões em grupo e outras formas de avaliação.

Campanhas, portanto, que não são criadas 'na

urgência'. E, também, todos sabemos que nem

sempre tantos procedimentos para minimizar riscos

são garantia absoluta de sucesso. Há algo de

insubstancial e não científico na publicidade que a

torna, no mínimo, uma "quase arte".

A crítica que faz do tempo de execução do

produto final medida de avaliação, quer de seu valor

estético, quer de seu valor de uso ou de troca, parte

de um universo que valoriza o suor, desprezando o

talento, a inspiração, a intuição, a empatia, até

mesmo a experiência.

1

O tempo gasto para se dar um tiro pode ser

o mesmo que para se dar um beijo.

Mas se o tempo não é causa de nada, será

realmente que a preocupação única é vender, não

importando os meios?

Sem sequer mencionar o CONAR, sabemos