om o início das atividades do Wal-Mart no Brasil,
o consumidor brasileiro tem, agora, a oportunidade
de conhecer e aproveitar uma nova maneira de fazer
comércio, a qual vem criando alvoroço não só no
Brasil, mas em todos os lugares onde a gigantesca
rede se instala.
Como aconteceu no Canadá, México e
Argentina, os últimos países onde o Wal-Mart
passou a atuar, como também no próprio Estados
Unidos, sua presença causa polêmica.
Porém lá as reclamações que se seguem à
instalação de uma de suas megalojas são de cunho
diferente. O motivo mais comum dos protestos não
é a redução de preços, que lá, como aqui, sempre
é bem-vinda (pelo menos, por parte do consumidor),
mas estão relacionados ao medo dos impactos
econômicos e ambientais causados em pequenos
centros, mercados-alvo preferenciais da Wal-Mart.
Três anos atrás os 18 mil habitantes de
Gr een f i è l d, Ma s s a chu s e t t s, vetaram, num
plebiscito, a mudança da lei de zoneamento da
cidade que permitiria à rede se instalar naquela
região. "Há uma coisa que você não pode comprar
no Wal-Mart - qualidade de vida", alardeou Al
Norman, o líder da companhia contra a instalação
do Wal-Mart
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.
O impacto econômico trazido pelo Wal-Mart
e o perigo representado aos varejistas estabelecidos,
levaram Don Taylor, um especialista em pequenas
empresas, ligado à Western University of Texas e
Jeanne S. Archer, uma consultora de negócios, a
publicar "Up Against the Wall-Marts", um manual
de como prosperar à sombra desse gigante que
estende seus tentáculos. Segundo os autores a saída
é vender p r odu t os não t r aba l hados pelas
"megalojas".
De fato, pelo seu crescimento vertiginoso e
por aplicar um novo conceito de varejo, que em
suma significa praticar preços bem baixos sempre
e, às vezes, mais baixos do que o próprio preço
pago ao fornecedor, não é de se estranhar o
desconforto que provoca nos concorrentes.
Wal-Mart é a maior organização de varejo
dos Estados Unidos e, como um todo, do Mundo.
Segundo maior empregador daquele país (600.000
funcionários) seu faturamento pulou de U$ 32
bilhões em 1990 (o que já era uma estupidez!), para
U$ 83 bilhões, em 1994 e seguramente supera os
U$ 100 bilhões em 1996.
Interessante que, como informou o diretor-
superintendente das Lojas Americanas (sócia da
Wal-Mart no Brasil, com 40% das ações), José
Paulo Amaral, o Wal-Mart não incomoda somente
os concorrentes, pois sua empresa vem sendo
obrigada a reduzir os preços nas praças onde as
duas redes atuam próximas
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Seja como for, parece que Wal-Mart obrigará
as suas concorrentes diretas e o varejo em geral a
trabalhar com uma combinação de preço baixo,
sortimento de produtos abrangente e atendimento
de qualidade. O que aliás não deveria ser surpresa
para n i nguém. Semp re que uma empresa
competitiva passa a atuar de maneira superior às
demais, acaba dando o tom e irradiando a
excelência no setor.