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desempenhariam as mesmas funções e ocupariam

os mesmos lugares simbólicos de suas sociedades

de origem, como se caíssem em espaços vazios de

valores

Essa crença, segundo o professor, se embasa

na idéia de que os países, assim chamados

marginais, não tenham cultura, ideologias ou

projetos. Ele dá um exemplo segundo o qual ao

fotografar-se o Wal-Mart de Santo André de noite,

vazio de pessoas, ele é um espaço tipicamente

americano, mas de dia, vivo e habitado por corpos

e almas paulistas, ele vibra, ama, odeia, enfim,

vivencia uma nova emoção, transformando-se

numa instituição brasileira, pa s s ando a

desempenhar outros papéis e a cumprir novas

funções.

Talvez por isso alguns modelos de instituições

varejistas americanas, não tenham obtido o sucesso

que deles se esperava.

Veja-se, por exemplo, a loja de conveniência.

A loja de conveniência foi criada originalmente para

oferecer produtos alimentícios e domésticos

básicos, de compra freqüente. Suas vantagens

competitivas são a localização e o horário

(funcionamento prolongado). Os estoques são

constantemente checados, mantendo um bom nível

de laticínios, pães, bebidas, alimentos congelados

e enlatados. Esse modelo de varejo oferece

principalmente conveniência.

Tr anspos ta para o Brasil, a loja de

conveniência se transfigurou. Passou a ser ponto

de encontro de juventude, quando não de arruaça,

e, o que surpreendeu mais, o sortimento de

mercadorias passou a privilegiar especialidades e

produtos importados. Não é à toa que, ao perder

sua vantagem competitiva ( horário, local e

sortimento), o modelo não prosperou.

Um outro exemplo de transposição mal

sucedida são as chamadas lojas de desconto. Loja

de desconto foi o nome atribuído ao tipo de varejo

surgido nos Estados Unidos após a II Guerra

Mundial, vendendo por preços 40% menores que o

comércio convencional, mantendo instalações

simples, ambientes não sofisticadas e pequenas

margens.

Hoje, são identificados três tipos de lojas de

descontos, no varejo americano: a loja de desconto

geral, como K-Mart, Target e o próprio Wal-Mart.

Há t ambém as chamada s, "ma t ado r as por

categoria", especializadas numa categoria de

produto, vendendo a preços tão baixos que

"matam" a concorrência.

Como exemplo, tem-se Toys "R"Us, que

inventou o supermercado de brinquedos. Mantendo

imensos estoques de milhares de brinquedos

diferentes, trabalha com uma margem menor, 30%

contra 50% que é a média do setor. Com isso,

consegue repassar o melhor preço ao consumidor.

Finalmente, o clube de armazém, que trabalha

com marketing de relacionamento e tem seu

mov imen to gerado pelos as soc i ados. Com

instalações simples, ele atrai pela grande variedade

de estoque e preços baixos.

Há verdadeiramente lojas de desconto no

Brasil? No sentido restrito, não. O que se chama

loja de desconto ou

shopping

de desconto, na

verdade, não passa de loja ou

shopping

comum,

usando o nome "desconto" mais para atrair o

público do que realmente como uma característica

de suas atividades. O consumidor, nesses locais

muitas vezes se sente logrado, ao se deparar com

preços superiores ao da concorrência.

desses modelos de varejo, e em qual contexto se

desenvolveram, atendendo a quais necessidades dos

consumidores e do sistema de distribuição em geral.

É possível, pelo exposto, esboçar uma lista

de recomendações dirigidas ao varejista brasileiro

de modo que suas iniciativas originais ou adaptadas

de modelos importados tenham maior probabilidade

de sucesso.

Primeiro,

não fuja do conceito.

Se o modelo

é loja de conveniência, é isso inicialmente que deve

ser oferecido. Se é loja de desconto, antes de tudo

ofereça desconto. Se a franquia é de serviços de

editoração gráfica, não se pode transformá-la numa

papelaria. Loja de fábrica, por exemplo, procura

passar diretamente ao consumidor pontas de estoque,

por um preço bem acessível. Ao levar uma loja de

fábrica para um

shopping

e oferecer produto de

primeira, o negócio perde o sentido, além de desgastar

toda a rede de distribuição.

Segundo,

o varejo

é

uma zona mágica,

que

transforma o item sem alma e produzido aos

milhares num objeto capaz de ser possuído, a

essência do sistema capitalista. Então é preciso criar

um cerimonial para celebrar essa transferência de

posse. Obs e r ve - se a Bl ockbus t e r, f r anqu ia