Background Image
Table of Contents Table of Contents
Previous Page  84 / 107 Next Page
Information
Show Menu
Previous Page 84 / 107 Next Page
Page Background

A força com que se apresenta o segmento da

base do comércio propiciou a criação de veículos de

comunicação e divulgação próprios, especializados

em promover as atividades dessa modalidade de

comércio. O precursor desse tipo de comunicação

foi o programado Shop

Tour,

do jornalista e empresário

paulista Luis Galebe. Ele tinha um programa de

colunismo social transmitido nas noites de sábado,

com pequena repercussão. Certa vez,no início da

década de 80 , casualmente, num dos quadros do

programa, uma das entrevistadas, proprietária de

uma loja nos Jardins (São Paulo), resolveu anunciar

uma liquidação. A maneira informal e descontraída

de Galebe mostrar os produtos agradou muito e, a

partir daí, outros lojistas o procuraram para também

anunciar suas promoções.

Em pouco tempo, dado o sucesso do estilo

do jornalista, seria possível a criação do programa.

Shop Tour,

hoje sinônimo de oferta ou promoção,

em São Paulo, e vem criando escola em outros

Estados. O aspecto interessante é que muitos

lojistas tornaram-se anunciantes regulares do

'programa, fazendo com que o que seria o anúncio

de uma liquidação ou promoção tipo "queima de

estoque" passasse a ser o estilo e o cotidiano da

loja. Muitos desses anunciantes trabalham o

chamado varejo de preços baixo, convictamente,

oferecendo mercadorias a preços promocionais, e

procurando atingir à escala de produção, graças

ao impacto da propaganda eletrônica.

O mais fantástico é que muitos pequenos

lojistas e até micro empresários com

stands

alugados em

outlets

têm seu minuto de glória na

"telinha". Por essa nem John Naisbitt esperava.

John Naisbitt em seu recente trabalho "Global

Paradox"

9

prevê que o fim do século será

caracterizado pelo destaque dos pequenos

participantes da Economia. Segundo o autor,

quanto maior a economia, mais poderosos serão

os pequenos agentes econômicos. Conforme o

mundo se integra economicamente, suas partes

componentes se tornam mais numerosas, menores,

mas mais importantes.

Segundo Naisbitt, essa seria a essência do

paradoxo global, pelo qual quanto mais universal

se torna a humanidade, mais tribal ela age, o que

significa dizer, também, a presença de mais e

menores personagens representando no cenário

global.

A explicação é dada pela democratização das

telecomunicação e da informática. São essas novas

tecnologias que estão permitindo o acesso de

pequenos empreendedores a uma grande quantidade

de mercados, viabilizando negócios de pouco

investimento mas de muita repercussão pública. O

Shop Tour,

sem querer, tornou-se a realização

comprovada das profecias e visões de Naisbitt.

Enquanto isso, no mundo...

No momento, o varejo norte-americano, por

exemplo, passa por grande agitação. Segundo

alguns analistas o comércio perdeu o contato com

seus consumi dor es. Na década de 80, os

compradores faziam do

shopping

uma atividade

recreativa, mas agora eles têm menos tempo, menos

dinheiro e menos paciência, também. Na sociedade

americana, 75% das mulheres trabalham fora e

ainda cuidam da casa. A média de visita a

shoppings

caiu de 3,0 para 1,6 visitas por mês,

nos últimos anos

10

.

Mona Dayle, presidente de uma agência de

pesquisa na Philadelphia, afirma que o consumidor

tem menos tolerância com as imperfeições do

comércio: pequeno sortimento, preços inadequados,

serviços, horários e localização insatisfatórios. De

carros a alimentação, de roupas a eletrônicos, todo

o comércio americano padece. Grande oportunidade

para empresários que souberem oferecer o que o

consumidor quer, onde e quando quiser; em outras

palavras, boas ofertas e conveniência.

Nesse contexto, formatos de varejo familiares,

que duraram décadas (supermercados, armazéns,

concessionárias de veículos, agências de viagens,

livrarias), estão se transformando ou fechando.

Uma tendência marcante é o aparecimento de

megalojas especializadas numa categoria de

produto, de alimentos para animais a artigos

infantis, de livros a óculos, os exemplos são vários.

Outras megalojas especializadas em outras

categorias de produtos surgirão, por certo.

Veja-se o caso do Office Depot, líder no

segmento de suprimento para escritórios, que está

ampliando suas lojas novas em 50% do tamanho.

Ou então o caso da Barnes e Noble Inc., uma rede

de livrarias, baseada em Nova York, que fatura .

U$ 1,6 bilhões e que está transformando suas filiais

em megalojas.