A força com que se apresenta o segmento da
base do comércio propiciou a criação de veículos de
comunicação e divulgação próprios, especializados
em promover as atividades dessa modalidade de
comércio. O precursor desse tipo de comunicação
foi o programado Shop
Tour,
do jornalista e empresário
paulista Luis Galebe. Ele tinha um programa de
colunismo social transmitido nas noites de sábado,
com pequena repercussão. Certa vez,no início da
década de 80 , casualmente, num dos quadros do
programa, uma das entrevistadas, proprietária de
uma loja nos Jardins (São Paulo), resolveu anunciar
uma liquidação. A maneira informal e descontraída
de Galebe mostrar os produtos agradou muito e, a
partir daí, outros lojistas o procuraram para também
anunciar suas promoções.
Em pouco tempo, dado o sucesso do estilo
do jornalista, seria possível a criação do programa.
Shop Tour,
hoje sinônimo de oferta ou promoção,
em São Paulo, e vem criando escola em outros
Estados. O aspecto interessante é que muitos
lojistas tornaram-se anunciantes regulares do
'programa, fazendo com que o que seria o anúncio
de uma liquidação ou promoção tipo "queima de
estoque" passasse a ser o estilo e o cotidiano da
loja. Muitos desses anunciantes trabalham o
chamado varejo de preços baixo, convictamente,
oferecendo mercadorias a preços promocionais, e
procurando atingir à escala de produção, graças
ao impacto da propaganda eletrônica.
O mais fantástico é que muitos pequenos
lojistas e até micro empresários com
stands
alugados em
outlets
têm seu minuto de glória na
"telinha". Por essa nem John Naisbitt esperava.
John Naisbitt em seu recente trabalho "Global
Paradox"
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prevê que o fim do século será
caracterizado pelo destaque dos pequenos
participantes da Economia. Segundo o autor,
quanto maior a economia, mais poderosos serão
os pequenos agentes econômicos. Conforme o
mundo se integra economicamente, suas partes
componentes se tornam mais numerosas, menores,
mas mais importantes.
Segundo Naisbitt, essa seria a essência do
paradoxo global, pelo qual quanto mais universal
se torna a humanidade, mais tribal ela age, o que
significa dizer, também, a presença de mais e
menores personagens representando no cenário
global.
A explicação é dada pela democratização das
telecomunicação e da informática. São essas novas
tecnologias que estão permitindo o acesso de
pequenos empreendedores a uma grande quantidade
de mercados, viabilizando negócios de pouco
investimento mas de muita repercussão pública. O
Shop Tour,
sem querer, tornou-se a realização
comprovada das profecias e visões de Naisbitt.
Enquanto isso, no mundo...
No momento, o varejo norte-americano, por
exemplo, passa por grande agitação. Segundo
alguns analistas o comércio perdeu o contato com
seus consumi dor es. Na década de 80, os
compradores faziam do
shopping
uma atividade
recreativa, mas agora eles têm menos tempo, menos
dinheiro e menos paciência, também. Na sociedade
americana, 75% das mulheres trabalham fora e
ainda cuidam da casa. A média de visita a
shoppings
caiu de 3,0 para 1,6 visitas por mês,
nos últimos anos
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.
Mona Dayle, presidente de uma agência de
pesquisa na Philadelphia, afirma que o consumidor
tem menos tolerância com as imperfeições do
comércio: pequeno sortimento, preços inadequados,
serviços, horários e localização insatisfatórios. De
carros a alimentação, de roupas a eletrônicos, todo
o comércio americano padece. Grande oportunidade
para empresários que souberem oferecer o que o
consumidor quer, onde e quando quiser; em outras
palavras, boas ofertas e conveniência.
Nesse contexto, formatos de varejo familiares,
que duraram décadas (supermercados, armazéns,
concessionárias de veículos, agências de viagens,
livrarias), estão se transformando ou fechando.
Uma tendência marcante é o aparecimento de
megalojas especializadas numa categoria de
produto, de alimentos para animais a artigos
infantis, de livros a óculos, os exemplos são vários.
Outras megalojas especializadas em outras
categorias de produtos surgirão, por certo.
Veja-se o caso do Office Depot, líder no
segmento de suprimento para escritórios, que está
ampliando suas lojas novas em 50% do tamanho.
Ou então o caso da Barnes e Noble Inc., uma rede
de livrarias, baseada em Nova York, que fatura .
U$ 1,6 bilhões e que está transformando suas filiais
em megalojas.