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crescimento do setor varejista de alimentos tem

sido sustentado pela sua expansão em mercados

internacionais e, neste contexto, a criação de marcas

próprias por parte dos supermercadistas tem se tor-

nado, cada vez mais, parte integrante das estraté-

gias de crescimento do setor. A participação das

marcas próprias no total das vendas das cadeias

supermercadistas européias vem aumentando, e nos

Estados Unidos a participação das marcas próprias

no total das vendas de alimentos em supermercados

aumentou de 15,3% em 1988 para 19,7% em 1993

(The Economist 1995, Retailing Survey p. 11). No

entanto, pouco se sabe sobre a evolução das marcas

próprias nos países menos desenvolvidos (Pereira

1991).

Em geral, a qualidade dos produtos comer-

cializados através de marcas próprias é similar à

qualidade dos produtos comercializados através das

marcas dos fabricantes. No entanto, apesar desta

semelhança, as marcas próprias são, geralmente,

comercializadas com preços menores (Richardson,

Dick, e Jain 1994; Swan 1974). Portanto, pode-se

argumentar que as marcas próprias beneficiam os

consumidores, uma vez que oferecem essencial-

mente os mesmos produtos a preços mais bai-

xos.Estes benefícios são particularmente interessan-

tes quando se trata de países menos desenvolvidos,

onde os segmentos de baixa renda são bastante

representativos.

Estudos sobre a evolução de marcas pró-

prias indicam que o seu surgimento coincide com

o aumento da concentração econômica do setor

varejista. De acordo com a empresa de consulto-

ria Boston Consulting Group, a participação das

marcas próprias no total de vendas de alimentos é

diretamente proporcional à concentração econô-

mica do varejo (Borden 1967; Chernatony 1989;

McGoldrick 1987). Outros estudos examinaram as

características do composto de Marketing das mar-

cas próprias e o perfil dos seus consumidores, prin-

cipalmente nos Estados Unidos e no Reino Unido

(Jain 1985; Stern 1970 e Shawn 1974). Porém

estes estudos não examinam como as marcas pró-

prias evoluíram nos países menos desenvolvidos.

A evolução das marcas próprias nos países

menos desenvolvidos foi diferente da experiência

dos Estados Unidos e da Europa? Os consumidores

nos países menos desenvolvidos se beneficiam pelos

preços mais baixos oferecidos pelas marcas pró-

prias? O objetivo deste artigo é apresentar respostas

para estas perguntas, no que se refere ao contexto

varejista brasileiro.

Inicialmente, uma breve revisão bibliográfica

da literatura sobre marcas próprias é apresentada.

Em seguida, proposições são colocadas. As propo-

sições são examinadas mediante a exposição da

evolução histórica das marcas próprias em super-

mercados brasileiros e através de entrevistas de

profundidade com gerentes de supermercados.

Revisão bibliográfica

A evolução das marcas próprias precisa ser

examinada no contexto das relações de poder no

setor varejista de alimentos. As marcas próprias

evoluíram como resultado de uma relação de poder

mais equilibrada entre fabricantes e varejistas. Este

equilíbrio é decorrente da mudança de poder para

as mãos dos varejistas em detrimento da influência

tradicionalmente exercida pelos fabricantes.