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função das distorções típicas geradas no âmago do

regime autoritário, priorizava as atividades meio

da administração pública, em detrimento das

atividades fim, representando significativas perdas

em eficácia e efetividade na administração pública.

Apesar da retórica da continuidade dos governos

revolucionários, os órgãos da administração federal

sofreram com a descontinuidade administrativa e

com o enfraquecimento do DASP. O quadro de

dissociação de órgãos e atividades, com pouca

valorização da área de recursos humanos, somado

à integração tênue e mal coordenada das áreas de

planejamento e execução, produziu um sistema

cartorial, movimentador de papéis, com órgãos

superpostos ou duplicados, e de escapismos no que

se refere às responsabilidades básicas no trato

administrativo. Cenário este que se manteve apesar

das tentativas do Ministro Beltrão e que perdurou

até a Nova República.

O governo Sarney, ungido pelo signo da

redemocratização do país, adotou o discurso da maior

participação e fiscalização dos cidadãos sobre a

administração pública. As tentativas de racionalização

e diminuição do crescimento da Administração Direta

e o maior controle da Administração Indireta

encontraram imensas dificuldades, basicamente em

razão do gigantismo alcançado pelo Estado e da

decrepitude dos órgãos de controle responsáveis pelas

áreas de gestão. Somente após a definitiva implantação

do Cadastro Nacional do Pessoal Civil no 2

o

semestre

de 1.987 é que se pôde dar algumas iniciativas

concretas de reforma administrativa. O antigo

Ministério deu origem à Secretaria da Administração

Pública, e com est

e status

de Secretaria da Presidência

da República pretendia-se dar mais celeridade e

amplitude de ação às mudanças, não apenas na

Administração Direta e nas autarquias, mas na

Administração Federal como um todo. A preocupação

com a qualidade dos quadros, em especial com a

valorização dos quadros de carreira, fez surgir a

ENAP - Escola Nacional de Administração Pública,

com o objetivo de formar dirigentes de alto nível para

o setor público e o CEDAM - Centro de

Desenvolvimento da Administração Pública,

responsável pelo treinamento e reciclagem dos

servidores públicos de menor escalão.

As dificuldades políticas enfrentadas pelo

governo da Nova República, principalmente pelo

fracasso do Plano Cruzado, deram à gestão do

Presidente Sarney um caráter intempestivo, de

solução para problemas surgidos de momento e

que relegaram a um plano menor questões

estruturais de base, passando a utilizar os cargos

da Administração Federal como moeda corrente

de mercancía política. Finalmente, a Constituição

Federal de 88 premiou, no seu art. 45, o

corporativismo do funcionalismo público através

da estabilidade ampla

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, obstaculizando ainda mais

as possibilidades de reforma e modernização da

máquina administrativa.

O governo Collor, por seu turno, trouxe o

termo modernização como bandeira e orientação,

não só, mas também, para a área administrativa

do Estado. A redução do número de ministérios,

seguida da extinção ou substituição de órgãos

públicos, ocorreu de maneira vertiginosa, desde

os primeiros dias de sua gestão. A estratégia de

modernização abraçou a orientação liberal de

oposição à amplitude de ação do Estado e aos

privilégios seu quadro de servidores. Todavia, a

predominância da racionalidade econômica

(redução de despesas), sem a justa atenção para

as variáveis de excelência administrativa, acabou

por gerar inconsistências e danos consideráveis à

administração pública no seu governo. O Programa

Brasileiro de Produtividade e Qualidade, desenhado

para o setor .privado e que tentou fazer valer seus

princípios na área pública, encontrou fortes

resistências políticas e barreiras de ordem legal quase

intransponíveis, principalmente pela forte oposição

enfrentada no poder legislativo. Este, inclusive,

acabou votando seu

impeachment

em 92.

A despeito de alguns equívocos na visão das

funções do poder público, dos métodos draconianos

utilizados na implementação das reformas, e ainda

que na via da perplexidade da população diante dos

escândalos de corrupção, as ações de reforma de

Estado do governo Collor permitiram, em um certo

sentido, um maior questionamento sobre a

administração pública e uma melhor percepção, pela

sociedade, das carências e dos problemas que ela

enfrenta no confronto com o poder público,

proporcionando o engajamento crescente da

sociedade civil nas discussões e nas cobranças

quanto à qualidade e o papel do Estado.

O governo Itamar teve, na área da

administração, a tarefa de acomodar as convulsões

geradas na máquina pública pelo seu antecessor.

I