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J U L H O
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A G O S T O
D E
2 0 0 3 – R E V I S T A D A E S P M
‘os índios são como os romanos; o
mais importantedentreeleséomestre
da fala’. De maneira que não seria
apenasanossaeducação retóricada
universidademedieval que nos teria
feito, por vezes, amigos mais da
palavradoquedaação...”.
Trechodo livrodeCarlosGuilhermeMota Ideologia
daCulturaBrasileira–1933-1974
O ensino superior no Brasil nasceu
elitizado, como nos relata, acima, o
historiador contemporâneo Carlos
GuilhermeMota.
Uma das conseqüências dessa
elitização: faltadeoportunidadesque
asdificuldadesexistentesnaparceria
universidade-empresa vêm gerando,
atingindo em cheio a formação
profissionaldos jovensuniversitários,
maioresemaisrentáveismelhoriasde
processos eprodutos, surgimentode
muitascarreirasbrilhantesnocenário
nacionale internacional,reduçãodos
investimentos em inovações empro-
cessoseprodutosetc.
Há muitos anos venho conduzindo
trabalhos emparceria entreuniversi-
dadeseempresas.
Reconheço o bom desempenho de
projetos em áreas como “agri-
business”,engenharia,medicinaenão
possodeixarderevelaraenormedifi-
culdade que existe na realização de
projetos em outras áreas do conhe-
cimento, emambosos ladosdessa
parceria.
QUETIPOSDE
DIFICULDADES?
Falta de sintonia entre os objetivos
das partes envolvidas nos
projetos, adequaçãodas idéias, da
linguagem e do ritmode trabalho
entre “players” com culturas tão
diferentes.
O IMPACTO
DESSASDIFERENÇAS?
É tão significativo, que faz com
que seja desprezada a relação de
complementaridade que existe
entreuniversidadeeempresa, ex-
plorada com maestria, com
ótimos resultados, em diversos
países domundo.
CAUSASPRINCIPAIS
DO INSUCESSONOS
PROJETOSCONJUNTOS?
Desperdíciode tempoeenergiano
campodas relações, do “aparar a-
restas entreos egos envolvidos” ...
e assim, oobjetivoprimordial fica
relegado a um plano de secundá-
ria importância.
QUALÉO
OBJETIVOPRINCIPAL?
Aspectos comoos ganhosdaparti-
cipaçãode estudantes de nível su-
periornodia-a-diadasempresas, a
relação fluidadaempresanos pro-
cessos educacionais das Institui-
ções de Ensino, gerando amplas
possibilidades de novos projetos e
realizações importantesparaambas
as partes.
DUASOBSERVAÇÕES:
Sobre a aplicabilida-
depráticadamaioria
dos conteúdos trans-
mitidos aos alunos do
ensino superior em diversas áre-
as do conhecimento frente àqua-
lidade do trabalho que esses
futuros profissionais virão a ofe-
recer à sociedade, à possibilida-
dequevirãoa ter paramanterem-
se no mercado de trabalho –
nacional, regional e mundial –
nos próximos quarenta anos,
tempomédiode duraçãode suas
futuras carreiras.
Sobreopensamento
estratégico (“mindset”)
que está sendo trans-
mitido a esses jovens
pelas Instituições de Ensino. Temo
estarmos tentando resolversituações
novas comasmesmas fórmulasuti-
lizadas hádécadas.Um exemplo é
anãomassificaçãodaaplicaçãode
metodologias que contribuampara
desenvolver nos jovens as caracte-
rísticas empreendedoras, uma ne-
cessidade imperiosa frente aos no-
vos paradigmas das relações de
mercado atuais. Historicamente a
filosofiaqueestápor trásdosistema
de ensino brasileiro faz com que
nossosestudantesdesenvolvamuma
mentalidade não empreendedora,
masempregatícia. Nãosão rarosos
depoimentos de pessoas nascidas
nas décadas de 50, 60 e 70 que ti-
veram – em suas famílias e em am-
bientes escolares, mesmo em nível
superior – impulsos paraque se es-
forçassem por tornarem-se empre-
gados deempresas governamentais
e grandes multinacionais. Com es-
tranheza pode-se constatar que es-
sas idéias e ideais ainda permeiam
grandepartedas famílias edos am-
bientes educacionais brasileiros.
3.
AFAMÍLIA
EO
MERCADO
EDUCACIONAL
“Eu sou, virtualmente, tudo o que
éhumano.Da ginástica àpolítica,
da filosofia à engenharia, da culi-
nária àmúsica, da espiritualidade
àpedagogia,da juventudeàvelhi-
ce, domasculino ao feminino, do
amor à dor, damiséria à prosperi-
dade.Ohumanista jamais será es-
pecialistaem tudomas serácapaz
de se interessar por tudooqueen-
contrar,de vibrar com todas as to-
nalidades emocionais que o cer-
cam e o tocam. Somos tantomais
2)
1)
yw
MERCADODE TRABALHOPARAO JOVEMBRASILEIRO: COMOPROMOVERSEUCRESCIMENTO?