Gerência
intercultural
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R e v i s t a d a E S P M –
julho
/
agosto
de
2006
empresas brasileiras em processo
de internacionalização têm destas
questões. Mesmo assim, é possível
discernir um esforço, da parte dos
materiais pesquisados, acerca da
transposição deste material para o
contextobrasileiro: emvezdanatu-
ralização da cultura norte-ameri-
cana, parte-se aqui do princípio
de uma diferença intrínseca entre
o “eu” brasileiro e o “outro”. Esta
diferençanãoénemnaturalizadano
sentidodequeo“eu”brasileiroseria
o “normal”, nem considerada em
termosnegativosouatépejorativos.
O que é enfatizado é a compreen-
são dos pressupostos culturais que
regemoutros universos sociais para
fins demediação e conexão.
2
b
.
Alteridade
eDiferençano
Discursode
Executivos
A segunda fase da nossa análise
concentrou-se em 10 entrevistas
realizadas comexecutivos decinco
nacionalidades diferentes (argen-
tina, italiana, alemã, mexicana e
brasileira). O Brasil foi comparado
diretamente com oito diferentes
países (Holanda, República Tche-
ca, França, Itália, México, Estados
Unidos, Japão e Inglaterra), embora
ao longo das entrevistas mais de
10 países fossem mencionados e
discutidos sob a perspectiva das
diferenças culturais. Só estas com-
parações mereceriam uma atenção
especial que não é possível lhes
dedicar nesta oportunidade.
A partir do discurso destes execu-
tivos, aalteridadeeadiferença,que
se apresentam de forma estereoti-
padanomodelonorte-americano e
“humanisticamente” politizada no
casoalemão, surgemdeuma forma
mais nuanceada, com aspectos de
sensibilidade às diferenças e de
pragmatismo. Para estes profissio-
nais, asdiferençasculturais sãohoje
um dado da vida organizacional
contemporânea.Gerenciarnomun-
docontemporâneo implicaem lidar
com universos culturamente distin-
tos. Esta “diversidade” é percebida
como estimulante e desafiadora
para quase todos e particularmente
enriquecedora pelos brasileiros.
Entretanto, lidar com pessoas da
mesmaculturaémais fácil e rápido.
Não se faz necessário esclarecer
os subtextos dos discursos, nem as
expressões faciais e os implícitos
das situações.
Paraamaioria,mas nãopara todos,
as diferenças culturais impactam
nosnegócios tantode formapositiva
comonegativa. Elas podem agilizar
ou retardar decisões, envolver um
maioroumenornúmerodepessoas,
facilitar ou não a comunicação di-
reta entre outras. Todas estas ações
têm impactosnosnegócios, embora
não impeçam a obtenção dos ob-
jetivos. Competência e resultado
podem ser obtidos em qualquer
contexto cultural.
Para estes executivos, a diferença
não existe apenas entre culturas,
mas também intraculturas. Estanão
émais concebida comouma totali-