Manolita
Correia Lima
81
julho
/
agosto
d e
2 0 0 6 – Revista da ESPM
A economiado
conhecimento
Auniversalidadedo conhecimento
fezcomqueauniversidade,desdea
suaorigem,desenvolvessemeiosde
promover amobilidadedeparteda
comunidadeacadêmicanadireção
de instituições que se destacavam
pelobrilhantismodealgunsprofes-
sores.Comacrescente importância
atribuída ao conhecimento formal,
ocorre expressivo aumento dos in-
vestimentos dirigidos à ciência e à
tecnologia, significativa alteração da
organizaçãodo trabalho, e flagrante
valorização da formação superior.
Entretanto, em países de econo-
mia periférica, há dificuldades de
investir em sistemas de educação
superiorcapazesdecompetirquali-
tativamente e quantitativamente
comcentros deproduçãoedifusão
de conhecimento, localizados
nos países desenvolvidos. Por
questões políticas, o Brasil é um
dos países que mais postergou o
projetodecriaçãodeuniversidades
comprometidas com a educação
superior, a produção e difusão do
conhecimento. Com isto, tornou-
se dependente de profissionais e
da C&T desenvolvidos no exterior.
Atualmente, por questões financei-
ras, investepouconestasatividades,
embora elas sejam indispensáveis
ao processo de inovação capaz de
alavancar a competitividade entre
empresas, regiões e países.
As limitaçõesorçamentárias,associa-
dasaospesados investimentosqueos
projetos voltados para a educação
e fomento da pesquisa de ponta
exigem, fez com que nos países em
desenvolvimentoaeducaçãosuperior
não alcançasse padrões mundiais
de excelência acadêmica. Isto ex-
plica o fato de, historicamente, em
grande parte dos países daAmérica
Central e do Sul, África e Ásia, os
investimentos em educação serem
modestos, comparando ao que é
canalizado para estas áreas nos
paísesdesenvolvidos (EUA,Canadá,
UniãoEuropéia, Japão).Na tentativa
de se inserir no capitalismo global,
países comoCoréia, Índia,Malásia,
Tailândia, Vietnam, China, México
e Chile privatizam a educação su-
perior, alteram a legislação do país
para favorecer a atração de inves-
timento internacional e exportam
estudantes que podem realizar a
formação superior em renomados
centros acadêmicos (FIEMEYER,
2004). Para alguns governantes,
esta medida pode contribuir para
ospaísesultrapassarem seus limites
commais rapidez e incrementar o
desenvolvimento econômico; para
algunspesquisadoreséaexpressão
disfarçada do colonialismo pós-
moderno (BROUILLETTE & FOR-
TIN, 2004).
Emoposiçãoàs regiões ricas,amaio-
riadospaísesafricanos,porexemplo,
o PIB é modesto e os investimentos
canalizados para a educação repre-
sentammenosde4%doPIB–Guiné
(2%); Senegal, Benin e Madagascar
(3,2%, respectivamente); Burundi
(3,5%)eMauritânia (3,6%).Com isto,
onúmerodeestudantes inscritos em
universidades estrangeiras é igual ou
superioraonúmerodeestudantesque
realiza a formação superior no país
deorigem. E, neste caso, os destinos
preferidos são países com tradição
acadêmica – França (21%), Reino
Unido (12%),Alemanha (6%)ePortu-
gal (5%).Osdados revelamque,invaria-
velmente, amobilidadeocorrenadi-
reçãodos grandes centros: enquanto
um de cada 16 (5,6%) estudantes
africanos estuda no estrangeiro, um
a cada250 (0,4%) norte-americanos
decidem o mesmo (Instituto de Es-
tatística da UNESCO – IEU – www.
uis.unesco.org.
Aqualidadedas
universidades e
adiversificação
dos serviços
educacionais
A importância acadêmica, política
e econômica de qualquer sistema
de educação superior depende da
qualidadedosquadrosacadêmicos
que é capaz de reunir: estudantes
determinados a aprender e profes-
sores qualificados paraoensinoea
pesquisa.Porconseguinte,acaptação
dosmelhoresestudantespressupõe
a preexistência de professores e
pesquisadores qualificados, de in-
fra-estrutura físicae tecnológicaque
viabilize a realização de estudos e
pesquisas avançados (laboratórios
e bibliotecas), de corpo diretivo
e funcional eficiente, e de parce-
rias nacionais e internacionais,
estratégicas nas áreas de expertise
explorada pelas instituições. Para
responder a este desafio, o sistema
educacional superior exige investi-
mentos elevados demais atéparao
Estado de países economicamente
desenvolvidos.
Determinadas a resguardar o nível
de excelência conquistado em
muitos anos de trabalho, as univer-
sidades (tanto públicas quanto pri-
vadas) seesforçamparadiversificar
os serviçoseducacionaisoferecidos
(certificação de competências;